Lendário tenista espanhol retirou-se dos "courts" em outubro, aos 38 anos
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Depois de ter terminado a sua lendária carreira no ténis em outubro, aos 38 anos, Rafael Nadal publicou esta quarta-feira uma emotiva carta aberta no portal “The Players Tribune”, intitulada “O Presente”.
Numa primeira fase, Nadal começa por relatar umas das suas primeiras "lições” marcantes de vida, antes de uma carreira profissional de quase 30 anos e com um total de 103 títulos (92 individuais), incluindo 22 de “Grand Slam”.
“Creio que tinha uns 12 anos. Adorava ir pescar e um dia fui quando podia ter estado a treinar e no dia seguinte perdi o meu jogo. O meu tio, que nessa curta idade teve uma grande influência em mim, disse-me: ‘Está bem, é só um jogo de ténis. Não chores agora, não faz sentido. Se queres pescar, podes pescar, não há problema, mas então perderás. Se queres ganhar, o principal é o principal’. Foi uma lição muito importante para mim”, admitiu.
De seguida, Nadal abordou seu o grande “demónio”, as lesões, que começaram a afastá-lo dos “courts” desde tenra idade.
“Lesionei-me quando tinha 17 anos e disseram-me que provavelmente nunca voltaria a jogar ténis profissional. ‘Não é só uma pequena fissura no pé, é uma doença que não tem cura, só tratamento. É síndrome de Mueller-Weiss'. Passei muitos dias em casa a chorar, mas foi uma grande lição de humildade e tive a sorte de ter uma família que sempre esteve muito perto de mim em tudo e, sobretudo, de ter o meu pai, a verdadeira influência que tive na minha vida e que sempre foi muito positivo. ‘Encontraremos uma solução, se não, há outras coisas na vida para além do ténis’, disse. Depois de muita dor, cirurgias, reabilitação e lágrimas, encontrou-se uma solução e, durante todos estes anos, fui capaz de resistir”, contou.
Destacando como os seus maiores momentos de orgulho as conquistas da Taça Davis em 2004, do Roland Garros de 2005 e do torneio de Wimbledon de 2008, Nadal concluiu com um desabafo sobre a forma como, apesar do seu sucesso, nunca se sentiu o “Super-Homem”, mantendo-se sempre humilde, esforçado, ambicioso e respeitoso.
“Tenho muitas memórias incríveis. No entanto, nunca podes deixar de te esforçar. Nunca podes relaxar, tens sempre de melhorar. Essa foi a constante da minha vida: superar sempre os limites e melhorar. Nos bons momentos nunca me senti o Super-Homem e, nos maus, nunca pensei que tudo era um desastre. Espero que o meu legado seja que sempre tentei tratar os demais com profundo respeito. Esta era a regra de ouro dos meus pais. Em pequeno, o meu pai dizia-me sempre: ‘Olha ao teu redor e observa as pessoas que admiras, como tratam os outros...’Levei essa lição comigo para todos os jogos que joguei. Não impulsionava o ódio para os rivais, mas sim um profundo respeito e admiração. Tentava sempre melhorar um pouco para poder acompanhar o ritmo deles. Nem sempre funcionava! Mas tentava. Durante mais de 30 anos, dei tudo o que pude a este desporto. Em troca, recebi alegria e felicidade, amor, amizade e muito mais”, completou, num discurso grato.