Emmanuel Macron disse não haver dúvidas de que o ataque com uma arma branca foi um "ato de terrorismo"
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Um cidadão português de 69 anos morreu este sábado ao tentar interferir no ataque com faca na cidade francesa de Mulhouse, perto da fronteira alemã.
“Um civil que interferiu no ataque morreu”, declarou a Procuradoria Nacional Antiterrorista francesa (Pnat) num comunicado, referindo que foi aberto um inquérito pelo homicídio em que o suspeito, de 37 anos e referenciado por risco de terrorismo, foi detido após o ataque.
O ataque feriu ainda com gravidade dois agentes da polícia municipal, hospitalizados de emergência, um com ferimentos “na carótida” e o outro “no peito”, disse o procurador Nicolas Heitz, em declarações à agência France-Presse, acrescentando que cinco polícias ficaram feridos no ataque à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo (RDCongo).
Vários meios de comunicação franceses, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o suspeito, um argelino, em prisão domiciliária desde junho de 2024 e alvo de uma ordem de expulsão do território francês, gritou “Allah Akbar” (em árabe, “Alá é grande”) várias vezes durante a investida.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse não haver dúvidas de que o ataque com uma arma branca foi um “ato de terrorismo” e “islâmico”, o que tenta “há oito anos erradicar” do país, ao falar à imprensa durante uma visita à Feira Agrícola de Paris. “O fanatismo voltou a atacar e estamos de luto”, disse o primeiro-ministro François Bayrou na rede social X, felicitando a ação das forças de segurança.
Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, defendeu que este ataque é uma “recordação dramática de que a guerra contra o terrorismo não será ganha com palavras, mas com atos”. “O Estado deve dar provas de uma determinação inabalável nesta batalha vital: controlo das nossas fronteiras, perda sistemática da nacionalidade dos candidatos a jihadistas, endurecimento do nosso arsenal penal contra os crimes terroristas, expulsão dos imãs radicais, rutura das relações diplomáticas com os países que apoiam os fundamentalistas”, acrescentou.
Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu ao ataque afirmando estar “chocada” e assegurando que “a Europa está determinada na luta contra o terrorismo”.
“As minhas condolências à família da vítima inocente deste trágico ataque. Desejo uma rápida recuperação aos corajosos agentes da polícia feridos no exercício das suas funções”, afirmou Roberta Metsola na rede social X.
O ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, dirigiu-se ao local do atentado no sábado à noite, numa altura em que a França continua em alerta máximo devido a ameaças extremistas.
“Mais uma vez, é o terrorismo islâmico que ataca e, mais uma vez, os distúrbios migratórios estão na origem deste ataque”, afirmou o ministro no noticiário do canal TF1, referindo que "é altura de estabelecer um equilíbrio de forças".
A manifestação de apoio à República Democrática do Congo, deve-se ao facto do país africano enfrentar uma ofensiva, no leste, do movimento armado M23, apoiado pelo Ruanda, um grupo que tem vindo a avançar em várias frentes desde 2021 e faz temer uma possível guerra regional.