País da Oceânia vai jogar primeiro jogo da sua história em agosto, nos Estados Unidos
Corpo do artigo
De acordo com o site Word Population, as Ilhas Marshall contam com cerca de 36 mil habitantes e cerca de um terço da população vive na capital Majuro. Mesmo tendo uma federação nacional de futebol, as Ilhas Marshall eram o único país do mundo sem uma seleção. Vários países não faziam parte da FIFA mas possuíam uma equipa de onze jogadores, agora as Ilhas Marshall entram nesse grupo.
Curiosamente, a estreia será realizada, não no próprio país, mas nos Estados Unidos. A cidade de Springale, em Arkansas, possui a maior população marshallina nos EUA e vai receber a Outrigger Challenge Cup, que acontecerá de 11 a 17 de agosto. Esta competição foi anunciada pela Federação de Futebol das Ilhas Marshall e será um torneio de quatro equipas: Guam, Ilhas Virgens Americanas e Ilhas Turcas e Caicos, todas reconhecidas pela FIFA. Agora o país está à procura do reconhecimento da FIFA com a ajuda de voluntários britânicos.
Os Estados Unidos e as Ilhas Marshall estão ligados desde a Segunda Guerra Mundial. A economia do país é, até hoje, totalmente dependente da ajuda norte-americana.
As primeiras disputas por aquele território aconteceram durante a Primeira Guerra Mundial. No fim da guerra, as Ilhas foram entregues ao Japão, que passou a administrá-las como parte do “Mandato do Pacífico Sul”. O Japão tinha o objetivo de utilizar aquele território para conter a superpopulação do próprio país. Depois da Segunda Guerra Mundial, o Mandato foi abolido pelas Nações Unidas e entregue à administração norte-americana com o objetivo de preparar aquele território para a independência. Em 1986, as Ilhas Marshall alcançaram a independência. Até hoje, os marshallinos exigem uma indemnização devido aos elevados níveis de radiação que os testes nucleares (Operação Crossroads) realizados pelos Estados Unidos entre a década de 1940 e 1960 causaram na população que adoeceu.
A principal preocupação do país é a elevação do nível das águas resultante das mudanças climáticas. A campanha “2030 No Home” criou o equipamento alternativo que a seleção vai utilizar onde são visíveis buracos na camisola, que pretendem alertar para a crise climática: “A nossa camisola alternativa 2030 é mais do que apenas uma camisola. É um grito de guerra para os nossos apoiadores globais para ajudar a manter-nos no mapa. Estamos numa corrida para sermos reconhecidos. E esta camisola foi projetada para nos lembrar do que pode ser perdido se uma ação imediata não for tomada.”
“O 1.5 estampado no peito substitui o espaço onde um número de jogo é normalmente colocado nas camisolas. 1.5 representa o compromisso de temperatura global que os líderes mundiais concordaram no Acordo de Paris da COP de 2021. Se esse número for excedido, a nossa nação corre o risco de enfrentar mudanças irreversíveis no seu meio ambiente devido às mudanças climáticas já no ano de 2030. Inundações noturnas e condições climáticas extremas tornaram a vida na nossa nação um desafio”, pode ler-se no site oficial da venda dos equipamentos.
“Como a Última Nação da Terra sem uma equipa de futebol, apreciamos a oportunidade de mostrar ao mundo que somos mais do que apenas uma estatística. Somos uma nação orgulhosa, com uma rica herança, tradições e cultura próspera. Este é um apelo aos nossos adeptos do mundo todo que tornaram o nosso sonho de ter um equipa de futebol reconhecida internacionalmente um passo mais perto de se tornar realidade. As nossas ações quotidianas afetam aqueles que não podemos ver. Tenha orgulho de nos apoiar, não tenha pena de nós, mas merecemos mais do que apenas sobreviver. Nós merecemos prosperar”, completam.
O país conta com um campeonato nacional de futebol desde 1967, sem grande destaque. Pretende-se agora construir um estádio nacional.
As Ilhas participam nos Jogos Olímpicos desde 2008, onde tiveram cinco representantes. Desde aí, sempre tiveram representação nas outras edições mas nunca conquistaram uma medalha.