Aos 60 anos, o icónico guarda-redes da Nigéria no Mundial de 1994 recua à sua chegada a Faro, logo a seguir, e como saboreou, deliciosamente, o Algarve
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Rufai, hoje com 60 anos, é personagem inesquecível em Faro, guarda-redes lendário chegado ao Algarve depois de ter sido o homem poderoso da baliza das Super Águias no Mundial de 1994, onde os africanos foram uma grande atração com craques do calibre de Yekini, Okocha, Finidi, Oliseh e Amokachi. Contratado ao Go Ahead Eagles, dos Países Baixos, transformou-se num grande muro nos leões de Faro, entrando direto para o onze de Paco Fortes e protagonizando a campanha do 5.º lugar do Farense, que valeu acesso europeu.
Faz duas épocas e meia e parte para o Corunha, mas a passagem por Portugal foi o seu auge na Europa. “Foi a minha grande experiência, o melhor clube que representei e onde fui mais feliz. Espero sempre que façam algo importante e estou muito feliz de ver o Farense novamente na I Divisão. O clube do Fernando Belo. Esse homem era um dos grandes segredos para tudo correr bem, era puro amor ao clube. Dele tinha todos os cuidados médicos e pessoais quando estava lesionado”, resume com um sonoro sorriso que aproxima o contacto com Lagos, onde Rufai lidera uma academia de futebol e uma escola de ensino para os mais jovens.
Alegra-se ao saber que o Farense é a equipa sensação em 2023/24 e que receberá o FC Porto no São Luís. “Ainda falo com o Miguel Serôdio, falava também com o Portela, com outros jogadores e alguns fãs. Recentemente não tenho comunicado muito, mas fico feliz que estejam bem. O meu sonho é voltar para os visitar a todos. Já não vou a Faro desde 2007 ou 2008”, documenta Rufai, 66 jogos pelas Super Águias.
Sem o conhecer, adora saber que Ricardo Velho é o guarda-redes em maior foco na Liga portuguesa, até com protagonismo gigante num empate na Luz, fechando a baliza ao Benfica. “Dou-lhe as maiores felicitações e um forte desejo que mantenha esse grande trabalho. Que tenha o maior sucesso na sua carreira e, sobretudo, no Farense. Que consiga também, tal como eu, um acesso à Europa com o clube. Fico à espera de notícias de uma grande exibição contra o FC Porto”, suspira o nigeriano, muito agradado com o 7.º lugar dos algarvios já em plena segunda volta, delirando com o clamor da nostalgia.
“Bonito foi sentir o calor das pessoas do Algarve, deram-me muito amor e fizeram a minha carreira muito mais próspera. Sentia-me feliz todos os dias em Faro e queria sempre dar mais pelo clube. Os adeptos estiveram sempre comigo, foram o meu suporte. Não esqueço grandes colegas, maravilhosos e bons companheiros, um técnico intenso e apaixonado como Paco Fortes. E o Fernando Belo, além da Direção. Quando ia para o supermercado as pessoas eram muito simpáticas, nem me deixavam pagar as compras. Foi um tempo incrível”, partilha, aceitando revelar a figura mais desbocada e desconcertante do balneário. “Sem dúvida o Djukic. Era muito maluco, fazia piadas constantemente, metia-se com toda a gente e fazia-nos rir. Era doido por motos, eram infinitas histórias. Levava-me a sair por bonitos restaurantes, era uma experiência única estar com ele. Até com o treinador se metia! Eu queria saber como me exprimir com o árbitro, como retribuir algo tipo ‘bem feito, bem decidido’ e ele só me aconselhava a dizer algo maluco. E os árbitros olhavam para mim fixamente, eu não sabia o que dizer, estava no primeiro ou segundo jogo em Portugal”.