Em entrevista a O JOGO, Henrique Calisto defende ainda que não há, neste momento, profissão no mundo tão escrutinada como a de treinador de futebol e diz que, se José Mourinho quisesse agora treinar em Portugal, não podia, "porque não fez a revalidação da cédula"
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Em entrevista ao Só Conversa que pode ler na edição impressa de O JOGO deste domingo, Henrique Calisto fala sobre a homenagem que a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANFT) fez a Quinito durante o Fórum de Treinadores de Futebol, que se realizou na passada semana em Setúbal.
Foi Henrique Calisto - que conhece Quinito desde a década de 1980, dos tempos em que ambos estiveram ao lado de José Maria Pedroto na criação do antigo Sindicato Democrático dos Profissionais de Futebol (Sinbol) - a chamar Quinito ao palco para a homenagem, não sem antes pedir-lhe para regressar ao futebol.
Mas a conversa com o ex-treinador do Paços de Ferreira foi muito além do drama vivido pelo Quinas, como é tratado carinhosamente no meio do futebol. Henrique Calisto, que foi o primeiro presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANFT), agora liderada por José Pereira, criticou as exigências que são atualmente feitas aos técnicos de futebol para poderem trabalhar em Portugal.
"Não concordamos nada com o método atual de avaliação, que é uma extravagância, hoje em dia para se tirar o curso de treinador demora-se mais do que fazer uma licenciatura. Fazem-se quatro estágios e, depois de titulados, temos de ter créditos para o IPDJ nos atribuir a licença de trabalho", afirmou.
"Não há nenhuma profissão do mundo tão escrutinada como a nossa. De três em três anos temos de revalidar a carteira da UEFA Pro, e para isso temos de fazer um curso, e de cinco em cinco temos de ter os créditos suficientes para revalidar a cédula, que é uma titularidade nacional. O Mourinho de certeza que, neste momento, não pode treinar em Portugal porque não fez a revalidação da cédula", acrescentou Henrique Calisto.
O treinador, que esteve uma década a trabalhar como treinador no Vietname, nomeadamente na seleção deste país asiático, defende ainda que não existe uma carreira de futebol baseada na competência e no acumular de experiência, antes "é fruto do acaso na maioria das vezes".
"O futebol hoje é uma falácia, temos os modelos de referência de sucesso desportivo e financeiro, mas não há carreira, esta é fruto de acasos, de uma rede de conhecimentos que vamos tendo ao longo da vida enquanto jogador ou treinador adjunto. Há muita gente a pensar que vai ser Mourinho, mas não vai", sustenta Henrique Calisto.
Leia o Só Conversa este domingo (dia 27 de março) na edição impressa do jornal O JOGO.