Mal o País entrou em crise política, o presidente da Liga exigiu ao Governo, três vezes em menos de uma semana, medidas estruturais...
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Estava eu, muito quentinho, a ver a peixeirada partidária (mais nuns partidos do que noutros), quando fui surpreendido com a intervenção - multiplicada por três em pouco mais de uma semana - do presidente da Liga a exigir ao Governo uma série de alterações estruturais, nomeadamente nas leis, no Fisco e em mecanismos e fundos financeiros sérios e grossos do País.
Não foi a substância da reclamação de Pedro Proença que me espantou. Foi o seu enfatizar pela repetição da mesma mensagem em três momentos diferentes e em tão poucos dias: no dia do chumbo do Orçamento de Estado, no dia da decisão do Presidente da República e na tomada de posse do novo presidente do Marítimo, no dia seguinte.
Sem entrar em debate quanto à validade das propostas há muito apresentadas, espanta-me que o líder do organismo que representa os emblemas profissionais considere que o Governo e os deputados da Assembleia da República, mesmo que possam fazê-lo dentro dos limites de um processo de dissolução parlamentar, coloquem o futebol profissional no topo das suas prioridades.
Insisto: são reclamações que, pessoalmente, até considero muito válidas (fiscalidade, seguros, novo quadro jurídico das sociedades desportivas...). Porém, sendo verdade que o presidente da Liga não está obrigado ao sentido de Estado, ter-lhe-á faltado um nadinha de sensibilidade política, atendendo ao que se passa num país em vésperas de eleições legislativas antecipadas.
Se é verdade que a paciência dos clubes/empresas esteve nos limites por alturas dos confinamentos, não é menos verdade que a recuperação estava em curso. E que o Governo e a Assembleia da República legislaram, há bem pouco tempo, a favor da centralização dos direitos audiovisuais desportivos, o que Proença considerou uma vitória estrutural para o setor. Ou será que alguém o aconselhou a entrar na campanha eleitoral?