À primeira vista, Pepe e Iúri Leitão têm pouco em comum, mas tanto um como o outro são gigantes do desporto português e o dia de ontem foi todo deles
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1 Ontem, em quase todas as notícias sobre o final da carreira Pepe, sublinhavam-se os recordes de longevidade. O jogador mais velho a disputar um Europeu, o mais veterano a jogar uma partida da Champions, o mais longevo a marcar na principal competição de clubes da Europa. O que os números não dizem, nem os do bilhete de identidade, é que Pepe nunca se arrastou pelo campo, nunca foi um problema para os treinadores resolverem ou um buraco para os companheiros taparem. Carregou equipas inteiras às costas e nunca se montou nelas para o levarem num andor. Mesmo quando a idade lhe impôs alguns limites, nunca entrou em campo para dar menos do que cem por cento. Até ao fim. No último jogo que disputou, cumpriu 120 minutos de alto nível frente a um adversário tão exigente como a França e foi fundamental para manter a baliza a zeros, com destaque para a forma como bloqueou um disparo de Mbappé na área já no prolongamento. Terminou esse jogo em lágrimas, antecipando a notícia que se confirmou ontem. Pepe decidiu encerrar a carreira de futebolista. Foi uma escolha e não uma imposição, porque não lhe faltaram convites para a prolongar. Saber sair de cena, merecer uma última ovação unânime, deixar saudades: eis como um gigante se despede dos relvados.
2 Iúri Leitão trouxe a primeira medalha de prata para Portugal dos Jogos Olímpicos de Paris. Mentiria se me assumisse como um especialista em Omnium, mas posso falar da emoção com que a prova foi acompanhada aqui na redação e como a medalha foi celebrada como um golo numa final de um Europeu de futebol. O desporto é uma linguagem universal e Iúri Leitão mais um gigante num dia que foi deles.