Opinião de Rui Guimarães sobre a prestação da Seleção portuguesa de andebol no Euro'2022
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Alfredo Quintana, pelos piores e mais tristes motivos, André Gomes, Luís Frade, Pedro Portela, Alexis Borges, Belone Moreira e João Ferraz. Todos estes atletas estiveram no Campeonato da Europa de 2020 e, por uma razão ou outra, cinco impedidos por lesão, não jogaram o Europeu que, para Portugal, terminou na terça-feira.
É preciso que a memória não seja curta e se perceba, realmente, as diferenças abissais entre a Seleção Nacional de andebol que brilhou na Noruega e Suécia e conseguiu o melhor resultado dos portugueses em campeonatos da Europa (sexto lugar), e a que deixou Budapeste vergada perante três derrotas e um 19.º lugar.
A estas sete ausências - infelizmente, uma não mais voltará, a do falecido Quintana - , soma-se uma preparação que nem esta designação merecia ter, com 10 casos de covid-19, a participação na Yellow Cup anulada e a chegada à capital da Hungria com um trabalho altamente deficitário.
De resto, não me recordo de, alguma vez, a Seleção Nacional de andebol, que acompanho de muito perto há 25 anos, não ter feito pelo menos uma partida de preparação antes de iniciar um Europeu ou Mundial.
Pode alegar-se que Alemanha e Croácia, por exemplo, estão agora cheias de casos e a viver dias difíceis, mas isso está a acontecer, sublinho, agora, em plena prova, não tendo havido registo de preparações diferenciadas do que é habitual para estes dois conjuntos. Mais, tanto alemães como croatas têm um campo de recrutamento muito mais vasto do que Portugal...
Por isso, tendo já lido nas redes sociais, uma realidade dos nossos dias, em que, bastantes vezes sem conhecimento de causa, se tecem críticas duríssimas, coisas inacreditáveis sobre a equipa liderada por Paulo Jorge Pereira, quero relembrar que foi com este amarantino de nascença e portuense de coração que Portugal voltou, 14 anos depois - sim, leu bem, 14 anos depois - a uma grande competição, precisamente o Campeonato da Europa de 2020 em que surpreendeu tudo e todos.
Perante isto, como há coragem de criticar o trabalho de Paulo Jorge Pereira e daqueles que apelida de Heróis do Mar?
Só por causa de um Europeu mal sucedido, mas que muitas condicionantes justificam amplamente um rendimento mais baixo?
Atrevo-me a escrever que passar ao main roind em Budapeste teria quase o mesmo valor do sexto lugar de 2020. No entanto, há quem se atreva a deitar abaixo uma seleção que tem feito obra e história no andebol nacional. Rendo-me a quem tem a capacidade de tamanha ousadia.
Estes técnicos, Paulo Jorge Pereira, Paulo Fidalgo e Telmo Ferreira, todo este staff, os 18 atletas que vieram lutar até à exaustão em Budapeste, merecem todo o meu respeito e admiração.