Só será feita justiça a Conceição quando se escrever sobre a sua importância para o futebol português
Do recorde de Sérgio Conceição à paixão dos últimos na ponta final do campeonato. E ainda uma por uma nota sobre o tipo de jogo de Taremi
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Se o cargo de comandante tem feitio e desenho compatível com um treinador de futebol, então encaixa direitinho na pele de Sérgio Conceição. O técnico do FC Porto, que estará perto de recuperar o título de campeão nacional (poderá ser o seu terceiro em cinco anos), é o protagonista de um recorde bem interessante numa perspetiva competitiva: 57 partidas sem derrotas na I Liga, competição que é sempre o objetivo principal dos dragões. Uma série que começou na sétima jornada da época anterior, a 8 de novembro de 2020. Desde essa vitória sobre o Portimonense - precisamente, o adversário da próxima ronda - que os comandados de Conceição não conhecem a derrota.
Sobre Taremi: faz parte do jogo obrigar o adversário à falta. Pepa chamou-lhe competência.
O treinador não se alongou quanto ao feito e percebe-se: é da cepa dos homens que não lança foguetes antes da festa. Mas, numa ronda em que, entre os da frente, nada mudou, importa realçar o feito: desde outubro de 2020 (derrota frente ao Paços de Ferreira), o FC Porto soma um total de 46 vitórias, 11 empates, 131 golos marcados e 39 sofridos. Já muito se escreveu sobre a importância de Sérgio Conceição para o FC Porto, mas só lhe será feita justiça quando muito se escrever sobre a importância de Sérgio Conceição para o futebol português.
Tirando este facto histórico colhido à passagem da 29.ª jornada e sem menosprezar o dérbi lisboeta de domingo de Páscoa, que pode ajudar às contas do título ou acabar com essa hipótese já meramente aritmética para os lados da Luz, ainda há meia dúzia de emblemas que emprestarão a estas últimas cinco jornadas grandes momentos de paixão. Tudo por causa dos míseros oito pontos de diferença (em 15 possíveis) entre o 18.º e o 13.º classificados. O Belenenses é quem mais parece condenado, mas nem o Vizela, com 29 pontos (o melhor dos seis), pode facilitar.
PS: Não é preciso um doutoramento em matemáticas aplicadas ou física quântica para perceber quantas vezes pode ou não Taremi ser alvo de abalroamentos dentro da área ou até de os provocar. Já o simular ou não é matéria que deixo para responsáveis da arbitragem, especialistas e fanáticos, embora estes dois se confundam na mesma assinatura em grande parte dos casos. Para se perceber por que razão o avançado iraniano é tantas vezes protagonista de lances na grande área adversária aconselho a que se sentem numa bancada a ver o seu desempenho longe das câmaras de televisão. Sentadinhos, sem cores nem emblemas, um pouco como eu fiz quando o apreciava ainda ao serviço do Rio Ave. Talvez então percebam que é dos poucos que tem o arrojo de jogar sem temer o choque. E procura-o, disso não há dúvidas. Faz parte do jogo obrigar o adversário à falta. Pepa chamou-lhe competência.