A Itália mete quatro treinadores nos oitavos de final deste Euro, todos com uma componente ideológica que se nota no jogar das suas equipas.
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1 - É como um renascimento duma grande escola tática da história do futebol mas, no presente, em transformação estilística na sua expressão mais pura (fundadora do “catenaccio” e das filosofias mais defensivas) para revelar novas variantes de pensamento sobre o jogo. A Itália mete quatro treinadores nos oitavos de final deste Euro, todos com uma componente ideológica que se nota no jogar das suas equipas.
Spalletti na reinvenção permanente da seleção italiana, Montella em busca de estabilizar o crescimento do jogo da Turquia, Calzona solidificando a disciplina tática competitiva da Eslováquia e Tedesco mais perante as dúvidas da Bélgica.
Por pouco não se juntava outro nome, Marco Rossi, o treinador que levou a Hungria, em crise geracional, quase ao apuramento (sem esquecer a marca que ficou de De Biasi, como o grande fundador da revolução futebolística albanesa, lançando as bases de tática-estilo que hoje lhe permite chegar ao nível superior mostrado com Sylvinho).
2 - Quando foi campeão europeu em 2021, tinha Mancini no comando através duma ideia que introduziu um nível de intensidade (entenda-se capacidade de estar sempre em cima da bola, em posse avançando com ela nos espaços e, sem ela, cair rapidamente no seu portador, encurtando os espaços).
No fundo, aumentar o nível de pressing do jogo italiano, enquanto Spalletti procura dar-lhe maior noção de cultura de posse, procurando formar um quadrado de médios (meio-campo a “4”) mas que, face às dificuldades em ter essa posse contra adversários mais fortes, cede a planos de maior contenção defensiva/bloco médio-baixo e defesa a “3” podendo ficar numa linha de “5”.
Neste caso, segue mais a base histórica defensiva da escola transalpina, mas, mais do que querer recuar a equipa por si só (e jogar na expectativa), quer reforçar os princípios do processo defensivo (e jogar com a personalidade tática da equipa para depois sair junta na transição defesa-ataque).
O jogo com a Croácia e, sobretudo, a forma como criticou a equipa por tentar gerir o jogo contra a Albânia sem ferir o adversário (após o ter sufocado para virar de 0-1 para 2-1 em pouco tempo) mostra esta ideia contracorrente de Spalletti, que, muitas vezes, choca com os hábitos dos jogadores.