JOGO FINAL - Uma opinião de João Araújo
Corpo do artigo
Imagino que deve ser especial, para não dizer mais, sentir que se é protagonista da História. Assim mesmo, com H maiúsculo, porque das que se escrevem com "h", as pessoais, todos o somos, para o bem e para o mal...
Telma e Kika gravaram os nomes no momento, até agora, mais marcante do futebol feminino português. Segue-se um colosso, mas não devem ter faltado sorrisos no treino de hoje...
Divagações à parte, mesmo considerando que no desporto de competição em geral e no futebol em particular não há muito tempo nem espaço para contemplações (nem autocomiseração), as jogadoras portuguesas que ontem assinaram o primeiro êxito da Seleção em Campeonatos do Mundo certamente saborearam o momento com a plena consciência do que tinham acabado de provocar. E cuja possibilidade, importa sublinhar, por elas fora conquistada numa caminhada que, trazendo a reboque um discurso de rompimento de barreiras, essencialmente, traduz a evolução da vertente feminina no futebol nacional, que por agora se afigura como imparável.
A História não é linear, muito menos avança, inexorável, qual comboio de longo curso ou a Terra nos seus movimentos de rotação e translação - fá-lo aos pulos e solavancos, à custa dos pontapés que lhe são dados pelos protagonistas, como as futebolistas que estão na Nova Zelândia a viver o sonho. Hoje, quando ler estas linhas, já a Seleção feminina começou a preparar o embate de terça-feira contra os Estados Unidos, campeão mundial e crónico ocupante do primeiro lugar no ranking mundial. As dificuldades são evidentes e as probabilidades adversas às lusas, como é fácil de perceber. Mas deve ser muito especial saber que se colocou mais uma pedra no grande edifício do Desporto português, nem que por umas horas ou um dia...