PRESSÃO ALTA - Opinião de Nuno Vieira
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O caso de Cardoso Varela, internacional Sub-17 do FC Porto que tem ainda 15 anos de idade, faz soar os alarmes junto de todos os que zelam pelos superiores interesses do futebol português e dos seus clubes. Na reta final de um contrato de formação com os dragões, o avançado deixou rolar o tempo até ficar livre, altura em que um “colosso” do futebol mundial, do quarto escalão da Croácia, o contratou. Claro que a transferência para esse submundo do futebol não saiu da cabeça de um menino que devia estar a estudar para ter um plano B para o futuro (faltou a exames e reprovou). Tudo aparece fruto de estratégias gizadas por agentes que não passam de exploradores de menores e cuja ação deveria ser investigada e, a provarem-se os ilícitos que o FC Porto denunciou junto das autoridades, serem exemplarmente punidos.
O jovem é o menos culpado disso, a sua família, em Angola, apenas espreita a oportunidade de angariar já algum dinheiro sem saber ao certo de onde ele vem. É importante sustentar quem muitas vezes precisa de rendimentos suplementares para fazer face a carências básicas gritantes, mas não restará qualquer dúvida que os grandes beneficiados deste género de operações não são os pais nem os atletas, que nesta idade até nem passam de candidatos a craques, mas sim os intermediários que ganham milhares de euros (no caso de Cardoso Varela até se falou de uma exigência de cinco milhões de euros para ficar no FC Porto), a pretexto de promessas que não raras vezes nem sequer chegam a ser concretizadas, perdendo-se o rasto a quem tanto prometia.