PRESSÃO ALTA - Uma opinião de Nuno Vieira
Corpo do artigo
Lisboa estava preparadíssima para receber o novo campeão no salão de festas do Marquês do Pombal, mas quis o destino que o clássico terminasse mesmo empatado e adiasse todas as decisões para a última jornada do campeonato. É bom para o futebol português haver esta competitividade levada ao extremo (leia-se mesmo até ao último sopro da ronda que dá por encerrada a corrida aos pontos), mas não foi muito bom para o Benfica ver a vitória escapar-lhe na Luz e deixar o Sporting em posição privilegiada para conseguir o bicampeonato. Para isso basta ganhar ao Vitória de Guimarães, precisamente onde o técnico Rui Borges fez obra e, por essa via, se transferiu para Alvalade.
O Sporting entrou praticamente a ganhar e conseguiu gerir a partida conforme lhe era mais conveniente. Acalmar o ritmo, encostar-se mais atrás e esperar pelos momentos certos para lançar os seus avançados era a estratégia clara dos leões, mas Gyokeres foi sempre bem vigiado e no meio-campo faltou quase clarividência no passe, até com Hjulmand a falhar intervenções que não são muito habituais naquele que tem sido o grande pilar da equipa nesse setor nevrálgico e onde tudo poderia ter sido decidido neste dérbi de Lisboa que deixou a Luz a rebentar pelas costuras, além de encher as estradas à passagem dos autocarros rumo ao estádio.
Ao intervalo a Luz agitava-se e o grito motivador chegava pela voz de Jonas, o brasileiro que deixou saudades na massa associativa encarnada e cuja pontaria na hora de atirar à baliza bem falta fez ao longo de toda a primeira parte. Pouco depois, Pavlidis fez um desenho perfeito e Akturkoglu restabeleceu o empate. O grego esteve a centímetros de marcar o segundo golo e levar as bancadas à loucura, mas o remate foi ao poste. Num momento de desgaste bem claro nas equipas, supunha-se que Bruno Lage dispusesse de alguma vantagem no jogo dos bancos, por dispor de unidades de melhor qualidade e até versatilidade, mas além do acerto defensivo e do saber jogar com o cronómetro dos jogadores do Sporting, o Benfica teve muita culpa própria pela forma como não soube vencer o dérbi e colocar-se em vantagem para levar a taça para casa dentro de uma semana. A decisão passa, agora, pelo eixo Minho-Lisboa, com os nortenhos a terem uma palavra a dizer quanto ao novo campeão. A semana promete ser bem quente.