CONTRA-GOLPE - Uma opinião de João Araújo
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1 - A estatística dos confrontos com equipas italianas nas provas da UEFA, isto é, a história, em particular a mais recente, coloca o FC Porto perante uma espécie de dilema para resolver depois de amanhã, na receção ao Inter.
FC Porto e Inter chegam ao confronto do Dragão a braços com questões exibicionais e emocionais
Se é verdade que o registo global de reviravoltas em eliminatórias após derrota na primeira mão não é famoso (cinco em 23), há um lado positivo - embora podendo parecer contraditório, tendo em conta algumas ideias feitas em que o futebol é fértil - que é o facto de o adversário ser italiano. Se virmos que desde o afastamento às mãos da Juventus, nos "oitavos" da Champions 2016/17, se sucederam três rondas a eliminar com equipas transalpinas e os dragões passaram sempre (Roma, de novo a Juve e Lázio, esta na Liga Europa), cai por terra o conceito de bastar ser-se um emblema italiano para exibir o estatuto de "papão". Já não é assim e o estádio dos azuis e brancos tem sido palco de demonstrações sucessivas dessa tese: sete triunfos para uma derrota (a tal com os "bianconeri" em 16/17) dos portistas nas últimas dez receções a "squadras" transalpinas.
Claro que a estatística, como diria o outro, vale o que vale e, acima de tudo, não ganha jogos. Não sendo nenhum papão, este Inter mostrou, na primeira mão, que apesar de banalizado durante grande parte do tempo sabe tirar partido das escassas "abébias" de que dispõe - Lukaku marcou após encontrar tempo e espaço na área, mas mais do que o recorrente estereótipo do cinismo evidenciou uma fragilidade defensiva preocupante (hesitações ou desposicionamento no coração da área) que tem vindo a custar caro ao FC Porto. Nos tempos recentes, os exemplos de golos sofridos assim são vários, do referido do internacional belga ao de anteontem de Tiago Gouveia, pelo Estoril, passando por Fran Navarro, do Gil Vicente. Compreende-se o alerta de Sérgio Conceição para os "pequenos pormenores associados a erros individuais" porque são estes que podem deitar a perder grandes exibições coletivas, em particular em eliminatórias europeias. Por muito cliché que isto possa soar...
2 - Com o campeonato a entrar no último terço, Moreno, treinador do V. Guimarães, disse anteontem e bem: "As dificuldades aumentam". A reta rumo à meta das decisões começa a encurtar dramaticamente, sendo a luta pela sobrevivência como um pesadelo em que o indivíduo se vê entre quatro paredes que, paulatinamente, o vão apertando e sufocando. Ontem, o Paços de Ferreira pode ter protagonizado um momento decisivo na luta pelo escasso oxigénio, ao vencer a "final" com o Santa Clara. Tem hoje a palavra o Marítimo, que recebe um Benfica imparável e que não vai querer ceder pontos no topo da tabela.