Nelson Veríssimo soube travar um possível descalabro e ainda não deixou morrer todos os objetivos encarnados no campeonato.
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Darwin, com um golo e uma assistência no dérbi de Lisboa, condiciona todos os critérios para MVP da temporada na Liga Bwin, aproveitando até o facto de o design estratégico-tático de Sérgio Conceição ter apagado da memória coletiva a importância que um tal de Luis Díaz estava a ter até metade da época.
Rúben Amorim perdeu e desportivamente assumiu. Taremi respondeu, como responde sempre, com mais golos: três de uma vez. Carvalhal não teme a emocionalidade patronal e o Braga parece estar com a Liga Europa garantida, a não ser que Mafra ou Tondela batam FC Porto ou Sporting na final da Taça, fazendo com que o quarto lugar valha apenas passaporte para a liga Conferência, a terceira divisão da Europa. E assim, quanto a contas dos da frente, fechou a 30.ª jornada, marcada pela vitória do Benfica em Alvalade, que pode ter ajudado a arrumar a contabilidade do título a favor do FC Porto.
Importa notar, quanto a isto, e numa altura em que já nem rumor se pode chamar ao diz-que-diz ou manda dizer relacionado com Roger Schmidt, que Nelson Veríssimo soube travar um possível descalabro no pós-Jesus e, mesmo a 15 pontos do primeiro, ainda não deixou morrer todos os objetivos encarnados no campeonato - muito difícil ultrapassar pontualmente o Sporting - e saiu com muita honra do mais importante palco das competições para clubes.
Dizem - e concordo - os que leem os jogos sem palas nos olhos que Veríssimo aproveitou o Benfica que lhe foi posto nos braços para o fazer render circunstancialmente. Ora, a chegada do técnico alemão impedirá que se tenha a certeza de que teria competência para organizar estruturalmente o futuro plantel. São opções de gestão. Nada a dizer.
Mas, para mim, a grande questão que se coloca ao Benfica, e que o dérbi ajudou a fortalecer, não estará no treinador mais assim ou no treinador mais assado. A grande questão deveria ser: como convencer Darwin a ficar mais uma temporada. E tenho a certeza de que Rui Costa estará a equacionar essa possibilidade, mesmo sabendo que não será apenas uma questão de disponibilidade financeira da SAD que preside. Embora a permanência do uruguaio lhe possa ficar muito cara, mais tarde, mesmo que isso valesse o título ou a luta mais cerrada com os rivais diretos, que agora são mesmo dois. E, até pode não parecer pela espuma das vociferações mediáticas, mas este Sporting de Varandas parece ter cimentado o estatuto que o Sporting quase perdeu nas duas últimas décadas, antes da jogada Amorim.
Na cauda da tabela, há seis equipas ansiosas por aproveitar alguns dos 12 pontos que faltam disputar. A separar o último (Belenenses, 24) do 13.º (Famalicão, 29, os mesmos que Vizela) há apenas cinco pontos. A coisa vai ser tão apertadinha que até o Portimonense, com 32 pontos, ainda não se pode dar ao luxo de festejar a permanência, sendo que no próximo fim de semana recebe o Moreirense, antepenúltimo.
A propósito, hoje já é véspera de clássico entre os rivais desta e da anterior época e isso só interessa a esta crónica porque o ambiente e o azedume são os mesmos que se vivem na Liga Bwin.