Wout van Aert: "É sempre stressante estar na "cadeira quente"

Wout van Aert cumpriu este sábado um dos maiores objetivos da carreira ao ganhar o contrarrelógio da penúltima etapa da Volta a França em bicicleta, num dia inesquecível para a Jumbo-Visma e Tajed Pogacar, virtual vencedor da 108.ª edição.

Este ano, não houve drama, suspense ou revoluções na geral no crono final, apenas confirmações: o top 10 não sofreu qualquer alteração, com o esloveno da UAE Emirates, de 22 anos, a ficar a apenas 108,4 quilómetros de tornar-se o mais jovem bicampeão da história do Tour, e Jonas Vingegaard a consolidar o estatuto de vice diante de Richard Carapaz (INEOS), ao ser terceiro na 20.ª tirada, conquistada pelo seu excecional colega de equipa.

"Vencer o contrarrelógio da Volta a França foi sempre um dos grandes objetivos da minha carreira. Desde as etapas de montanha que estava realmente focado neste dia e estou tão feliz por ter conseguido", assumiu o primeiro belga a ganhar um "crono" na Volta a França em 36 anos.

O "dia perfeito" de Wout van Aert, de 26 anos, foi também o da potencial glória dinamarquesa, com aquela nação a colocar quatro ciclistas nos 10 primeiros lugares da etapa, nomeadamente Kasper Asgreen (Deceuninck-QuickStep), segundo a 21 segundos.

O exercício individual de 30,8 quilómetros entre Libourne e Saint-Emilion permitiu que os verdadeiros especialistas tivessem um novo momento de protagonismo na 108.ª edição: primeiro, foi Mikkel Bjerg (UAE Emirates), campeão mundial sub-23 em três anos consecutivos (2017 a 2019), a pulverizar os tempos de concorrência, antes de ser "destronado" por Stefan Bissegger (EF Education-Nippo), que também teve uma liderança efémera, por "culpa" de Asgreen.

O campeão dinamarquês de contrarrelógio ainda foi ameaçado pelo campeão europeu Stefan Küng (Groupama-FDJ, mas o suíço, o melhor nos dois pontos intermédios, perdeu "gás" e voltou a ver-lhe escapar a vitória (foi quarto), que tão perto esteve de ser sua no "crono" da quinta etapa, conquistado por Pogacar.

Enquanto Asgreen, vencedor do contrarrelógio na última Volta ao Algarve (foi terceiro na geral), aguardava pacientemente pela chegada daqueles que partiram depois de si, na estrada Van Aert estabelecia os melhores tempos nos dois pontos intermédios e "voava" até à meta, a uma média de 51,500 km/h, para conquistar a etapa, a segunda nesta edição após a extraordinária exibição no Mont Ventoux (11.ª), e a quinta em três participações.

Sentado na cadeira quente, o belga foi seguindo de semblante fechado o desfilar de potenciais concorrentes, conseguindo finalmente sorrir depois de perceber que nem o seu colega Jonas Vingegaard, terceiro a 32 segundos, e muito menos o camisola amarela, oitavo a 57, iriam superar o seu tempo.

"É sempre stressante estar na "cadeira quente", mas percebi que tinha uma margem simpática para os especialistas e, quando vi os tempos intermédios dos homens da geral, as minhas esperanças cresceram", assumiu o também especialista em ciclocrosse, que ainda prometeu tentar "sprintar" no domingo nos Campos Elísios, onde Mark Cavedish (Deceuninck-QuickStep) vai tentar isolar-se como o mais vitorioso de sempre no Tour.

Será esse o principal atrativo da jornada com início em Chatou, na qual Pogacar tirará as habituais fotos da "praxe" com Vingegaard, que hoje reduziu a distância na geral para 5.20 minutos - é a maior diferença entre primeiro e segundo desde que Vincenzo Nibali venceu o Tour2014 com 7.37 de vantagem sobre Jean-Christophe Peraud -, e Carapaz, terceiro a 7.03, depois de uma prestação modesta no "crono".

"Pogi" não será o único a ter motivos para festejar, uma vez que também o seu colega Rui Costa, hoje 44.º a 3.19 de Van Aert, pode orgulhar-se de, pela primeira vez na sua carreira, fazer parte da equipa vencedora do Tour, um sentimento idêntico ao que sentirá Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo), que na sua estreia na "Grande Boucle" será apenas o sexto português a concluir a prova no "top 20", depois de hoje ter defendido o seu 18.º lugar, com um 32.º posto na etapa, a 2.41 do primeiro.

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