Diretor-desportivo dos algarvios apresentou a O JOGO uma equipa que sente ter potencial para alcançar bons resultados. Mas ficar na modalidade era o primeiro desejo
Corpo do artigo
Tal como noticiado por O JOGO em novembro passado, o Clube de Ciclismo de Tavira continua a ter uma equipa profissional, mesmo depois de as negociações com o Sporting para a renovação de uma parceria, que durou quatro anos, terem caído. A nova denominação da equipa fundada em 1979 - é, a nível mundial, a que está há mais tempo na estrada -, passa a ser Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel. O acordo do clube com a Câmara Municipal de Tavira, a empresa de conservas e a unidade hoteleira é válido para a época de 2020.
Embora sem atingirem os cerca de 500 mil euros da formação ligada ao Sporting, os algarvios estão contentes com o desfecho. "É verdade que o orçamento é mais limitado, mas mantivemos o núcleo duro da equipa e temos todas as condições para conservar os objetivos intactos no calendário português. Somos a equipa que pedala há mais tempo de forma seguida e o Tavira continuar na estrada é um final feliz", comenta Vidal Fitas, que ainda ultima preparativos na logística.
Para já, o diretor desportivo garante que o equipamento não será verde e aproveita para comparar o relevo dado aos atletas pelos novos patrocinadores, recordando, claro, o Sporting: "Continuamos a ter uma equipa a honrar o Algarve e é bom trazermos novas pessoas para o ciclismo. Todos querem ganhar, mas haverá mais valorização do que se fizer: se um pódio, que não o primeiro lugar, na Volta a Portugal não era bom para o Sporting, para estas marcas será excelente. Fomos protagonistas na etapa da Guarda no ano passado e quase vencemos. Para o Sporting, isso não contou. Não acho, porém, que haja menor pressão: o Tavira habituou as pessoas a resultados importantes."
Vidal Fitas, que já comandou a equipa em quatro vitórias na Volta a Portugal, por intermédio de David Blanco e Ricardo Mestre, vê um hipotético pódio na Volta como uma meta "excelente". Do plantel saíram Rinaldo Nocentini, que acabou a carreira, Nicola Toffali, ainda sem colocação, e Tiago Machado, para a Efapel, mas isso não preocupa o técnico. "Perder o Tiago, por exemplo, só afetará se quem cá está não render. Não estou preocupado com quem não tenho. Além disso, os atletas quiseram continuar connosco e esperaram que tudo corresse pelo melhor. Este é um bom plantel, que achámos melhor para este orçamento e acreditamos corresponder aos objetivos. Se mantiverem a performance destes últimos dois anos, vamos estar a discutir pódios nas corridas todas." Frederico Figueiredo, Alejandro Marque, Alexsandr Grigorev e César Martingil serão os líderes do novo plantel do CC Tavira.
Aposta em Figueiredo, "líder natural para a Volta a Portugal"
Vidal Fitas não vai alterar para 2020 o plano que teve em 2019, daí que não revele preocupação pela saída de Tiago Machado para a Efapel.
Muito pretendido pelos rivais, o sportinguista Frederico Figueiredo manteve-se fiel ao Tavira e atacará a quarta época no projeto, sendo o chefe de fila para a Volta a Portugal: "O Frederico será o líder natural para a Volta. Essa é uma preparação feita a oito semanas e queremos que lá chegue no melhor nível", diz o técnico.
O ciclista de 28 anos já foi quinto em 2018, desistindo na última Volta devido a uma fratura no rádio.
11669092
Calendário: começar na Argentina e passar pela China
A Volta a Portugal é sempre o objetivo maior em Portugal, porém as opções do Tavira permitem perspetivar sucesso em outras frentes. Os algarvios vão estar em San Juan (corrida 2.1), na Argentina, de 27 de janeiro a 3 de fevereiro, alinhando com Alejandro Marque, Frederico Figueiredo, Alvaro Trueba, Alexsandr Grigorev, César Martingil e Ruben Simão. Para a Volta ao Algarve e Volta ao Alentejo, há a expectativa de que Trueba e Grigorev possam regressar em forma da Argentina. "O Grigorev teve uma queda no Algarve que lhe condicionou a época. Se se mantiver bem, pode ser ele a liderar a equipa", diz Fitas. Embora preservando os jovens Rúben Simão, Diogo Ribeiro e Marcelo Salvador (ex-Sicasal), o Tavira não descura fazer mais provas europeias em abril (Espanha e França) e ir à China, ao Qinghai Lake (2.HC), de 7 a 14 de julho.
Um sprinter para ganhar
César Martingil será a arma ao sprint e o Tavira apostará nele na Volta ao Algarve, depois de o rodar na Argentina.
"Queremos ver o Martingil a desenrascar-se com os grandes nomes mundiais. Terá em San Juan cinco etapas para aumentar a confiança e ganhar contacto com a realidade. Está numa fase de evolução. Acreditamos que possa estar bem em duas chegadas ao sprint no Algarve, mas precisa dessa confiança", esclarece Vidal Fitas, que apostará agora na conquista de etapas, depois de ter, durante quatro anos, olhado maioritariamente para as classificações gerais.