"Uma Educação Física efetiva significa mais-valias para o sucesso desportivo"
11.º Congresso Nacional de Educação Física "Avaliar para melhorar". O JOGO é parceiro da iniciativa que decorre na Figueira da Foz
Corpo do artigo
A Figueira da Foz recebe, 31 anos depois, uma edição do Congresso Nacional de Educação Física, um evento que acontece cada três anos e que este a partir de hoje junta mais de meio milhar de participantes de diversas áreas desportivas.
O JOGO, parceiro na iniciativa, foi ouvir Avelino Azevedo, presidente do Conselho Nacional das Associações dos Profissionais de Educação Física e Desporto (CNAPEF) , que juntamente com a Sociedade Portuguesa de Educação Física, organizam este evento para profissionais de Educação Física, do Treino Desportivo e Técnicos de Exercício Físico à volta de um mesmo tema:
Qual o motivo da escolha do tema "Avaliar para Melhorar"?
- Pretendemos essencialmente discutir e partilhar conhecimento sobre a avaliação, uma área central da nossa atividade, debater princípios e conceitos e, acima de tudo, processos que ajudem a estruturar melhor o nosso trabalho e ajustar os respetivos processos. Mas para além do tema propriamente dito, o Congresso é um momento alto da nossa atividade associativa e uma importante referência para a nossa afirmação profissional. Vão ser três dias de formação, de partilha e de discussão, todas elas imprescindíveis no reforço da nossa identidade e afirmação profissional, e que, pela primeira vez, conta com tripla acreditação para os mais de 500 participantes.
Algum motivo para a escolha da Figueira da Foz?
- Trata-se fundamentalmente de dar continuidade ao processo de descentralização e de reconhecimento da importância das instituições do Ensino Superior na formação inicial da nossa especialidade. Começamos em 2013 com o Congresso na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa, a que se seguiu a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto em 2016 e agora a Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF) da Universidade de Coimbra.
11457010
Mas escolheram a Figueira da Foz...
- Apesar de ser regresso 31 anos depois do primeiro Congresso em 1988, saliento que a Figueira da Foz surge como uma sugestão da FCDEF e que teve o apoio da APPEFIS, associação que representa os profissionais do Distrito de Coimbra. Acabou por ser uma escolha de excelência, não só pela estreita e fácil colaboração que conseguimos estabelecer com a autarquia, escolas, clubes locais e até unidade hoteleiras, como a Figueira da Foz possui um magnífico palco para este evento: o Centro de Artes e Espetáculos.
Este é um Congresso só para professores de Educação Física?
- Este é um Congresso para todas as áreas profissionais da Educação Física, do Treino Desportivo e do Exercício e Saúde. Isto é confirmado não só pelo programa diversificado com referências nacionais e internacionais em todas as áreas, como pelo apoio das associações profissionais das diversas áreas. Estão todas interligadas, porque uma Educação Física efetiva em todos os ciclos de ensino, principalmente no 1. Ciclo, tem como consequência mais valias para o sucesso desportivo e mais saúde para todos os portugueses.
Ao olharmos para o programa constatamos uma diversidade de tipos de intervenção. Algum motivo?
- É um modelo que teve sucesso e muitos feedbacks positivos no congresso do Porto e que assim resolvemos reforçar. Efetivamente temos 3 conferências com convidados nacionais e estrangeiros, quatro painéis de discussão, dois seminários, dois simpósios temáticos, trinta e dois workshops com uma multiplicidade de temas de interesse formativo, quarenta e nove comunicações livres com especialistas de cada uma das áreas. O objetivo é conseguirmos uma ligação da investigação com as diversas práticas profissionais, através da partilha e a divulgação de uma grande diversidade de projetos, numa perspetiva de valorização e desenvolvimento profissional.
O problema da Educação Física no 1. Ciclo: "Aos alunos não é proporcionado um percurso desportivo de sucesso"
A Educação Física no 1. Ciclo está na ordem do dia das questões que preocupam os profissionais de Educação Física e Desporto. Porquê:
- As provas de aferição do 1. Ciclo vieram comprovar aquilo que já afirmávamos há algum tempo: há muitas escolas em Portugal onde não é lecionado o programa de Educação Física. Assim sendo, os alunos portugueses não só perdem uma oportunidade para desenvolver algumas das suas capacidades físicas em momentos de desenvolvimento ideal, como, sem a frequência e regularidade definida nos programas curriculares e com professores de EF da escola em coadjuvação, aos alunos não é proporcionado uma base sólida para um percurso desportivo de sucesso.
Fruto de uma reflexão feita com todos os agentes desportivos e escolares, o CNAPEF e a SPEF criaram um grupo de trabalho no âmbito do Conselho do Desporto sobre a temática do Desporto Escolar:
- O modelo do Desporto Escolar tem de ser alterado, a começar logo pela sua estrutura organizativa. Quanto ao modelo competitivo, é possível fazer mais e envolver ainda mais praticantes e clubes, como já foi demonstrado por um grupo de trabalho, que apresentou há alguns meses um projeto de articulação com o desporto federado. O Governo tem a solução na gaveta e nós vamos tentar que seja aprovado e implementado no mais curto espaço de tempo possível.