Sudão do Sul visa arbitragem: "Parece que os africanos não podem ser agressivos"
Na sequência de uma derrota contra a Sérvia que ditou o afastamento da seleção africana na fase de grupos do torneio de basquetebol dos Jogos Olímpicos Paris'2024
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Afastada na fase de grupos do torneio masculino de basquetebol dos Jogos Olímpicos Paris’2024, a seleção do Sudão do Sul não poupou nas críticas à arbitragem após a derrota contra a Sérvia (96-85), que ditou essa eliminação.
Já depois de ter vencido Porto Rico (90-79) e perdido contra os Estados Unidos (103-86), a equipa africana, presidida pelo sul-sudanês Luol Deng e treinada pelo norte-americano Royal Ivey, antigas estrelas da NBA, acusou os árbitros de terem beneficiado os sérvios na marcação de lançamentos livres (31 contra seis).
“Estou de acordo com muitas das coisas de que Royal se queixou. Ele já jogou muitos jogos de basquetebol e todos conhecem a minha carreira. Ele treinou também durante os últimos anos e creio que o que se passou foi descaradamente intencionado. Não nos deixaram jogar com a mesma agressividade com que jogou a Sérvia. Sei que é um adversário que tem sido gigante durante anos e que é um país reconhecido pelo seu basquetebol, mas os seus alas jogam como se os árbitros os conhecessem e, por isso, viram bem as coisas que lhes deixaram fazer, mas a nós não. É como se existisse a narrativa ou o estigma de que os jogadores africanos são demasiado agressivos”, começou por reclamar Deng, pedindo respeito pelo seu país.
O presidente da federação de basquetebol sul-sudanesa questionou ainda o porquê de não haverem árbitros africanos a apitar na competição masculina dos Jogos de Paris: “Estamos em 2024, não sei que razão há para isso. Podem dizer aquilo que quiserem, mas se estamos a representar um continente, essa representação deveria ser integral. São coisas em que temos de continuar a trabalhar, mas com árbitros que não conhecem a nossa forma de jogar nem o nosso estilo, não sei como correrão o Mundial ou os Jogos. Só se pode jogar no estilo europeu? Parece que nós não podemos ser agressivos”.
Um discurso reforçado pelo treinador Royal Ivey, que ficou visivelmente irritado após o jogo com os sérvios e não hesitou em qualificar a arbitragem como uma “farsa”.
“Que farsa! Os meus jogadores deixaram tudo, puseram a alma na pista e foi uma farsa. É tudo o que posso dizer, olhem para os lançamentos livres. Eles tiveram 31, nós seis. Que se conte como isto foi de verdade, porque foi uma farsa. Como podem eles lançar 31 e nós seis? Respondam a esta pergunta! Esta foi a história do jogo, marcámos mais triplos, mais cestos no total, mais ressaltos, mas eles tiveram 31 lançamentos livres [marcaram 21]. Os meus jogadores deram tudo: sangue, suor e lágrimas, e tiveram seis lançamentos livres, um deles na segunda parte!”, salientou.
“Falei com os árbitros, mas eles não me respondiam. Apitaram-me uma falta técnica e só se preocupavam com os protestos no meu banco, em se passávamos a zona permitida... mas nada em apitar o jogo. Preciso que me expliquem o que aconteceu, os meus jogadores competiram, fizeram tudo o que podiam. Terei de enviar vídeos à FIBA, ao Comité Olímpico, a quem seja, para que vejam algo que foi descarado. Não costumo reclamar sobre os árbitros, mas isto foi flagrante, muito óbvio. Os meus jogadores acabaram o jogo a chorar e prefiro perder por 30 do que nos façam isto. Isto dói, é uma pena”, concluiu.