Rui Costa e os novos talentos: "A partir dos 15 anos evoluem o dobro ou o triplo e saltam cedo da casca"
João Almeida vai dar mais alegrias, António Morgado será estrela nas clássicas e Gonçalo Tavares merece mais atenções
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Rui Costa tem 36 anos e luta agora com jovens de 19 ou 20. Uma novidade no ciclismo, pois quando começou a maturidade dos corredores surgia muito mais tarde. Ele explica o que mudou.
Como vê talentos como João Almeida e António Morgado? É uma boa fase do ciclismo português?
Sempre demonstramos que somos capazes, basta termos oportunidades. Cada vez mais reconhecem os portugueses no World Tour. Não sou só eu e o João. Também temos os irmãos Oliveira, o Guerreiro, todos desempenham um bom papel. Isso abre mais portas a jovens. Estamos muito bem integrados. O João faz grandes resultados em provas de três semanas. É muito forte e vai continuar a dar-nos alegrias. Mostra ser muito regular, nas três semanas está sempre entre os dez melhores. O António Morgado será completamente diferente. Vejo-o como corredor de clássicas. Também pode ser um misto, como eu fui. São gerações diferentes, mas eu sempre fui mais forte em corridas de um dia e uma semana. Ele já tem sido muito forte nos Mundiais, é regular nas medalhas.
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E a nível internacional, como se explica estarem a surgir corredores de 19 e 20 anos a discutir e ganhar grandes corridas?
Vejo isso da melhor forma. Desde há dez anos muito mudou. Eu, com a idade do António, não tinha um preparador, não havia um nutricionista, não havia uma base. Treinava e fazia o que as pernas respondiam. Agora são acompanhados desde os 15 ou 16 anos, têm quadro nutricional e de preparação, portanto a evolução entre os 15 e os 20 anos é muita, o dobro ou o triplo do que acontecia comigo. Por isso eles saltam rapidamente da casca. Entre os 18 e 20 já estão a aparecer. Mas diria que as equipas não podem esquecer os corredores que demoram um pouco mais a evoluir. Reparam nos que ganham, mas por vezes os que ficam nos lugares a seguir têm um grande futuro. Alguns têm uma evolução mais rápida, como é o António em relação ao Gonçalo Tavares, mas este também pode ser um corredor muito interessante. Só o futuro dirá quem são os melhores. O problema é que há alguns que não chegam às equipas grandes e acabam por abandonar.
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