Pogacar e a vitória de Vingegaard: "Agora, todos podemos ver que é uma luta justa"
Vitória "muito emocional" de Vingegaard no Tour demonstrou que está na melhor forma
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O cerebral Jonas Vingegaard cedeu esta quarta-feira à emoção, não contendo as lágrimas após vencer a 11.ª etapa da Volta a França, que, segundo Tadej Pogacar, demonstrou que o ciclista dinamarquês está na sua melhor forma.
“É uma vitória evidentemente muito emocional para mim. Estar a regressar da queda [interrompe a chorar]… significa muito. Todas as coisas pelas quais passei nos últimos meses… [o triunfo] faz-me pensar nisso. Nunca teria conseguido fazer isto sem a minha família”, desabafou o bicampeão em título.
Numa flash interview feita a pedalar, como é hábito entre os ciclistas da Visma-Lease a Bike, Vingegaard assumiu estar apenas feliz por estar na Volta a França, depois da queda grave que sofreu na Volta ao País Basco no início.
“Significa tanto ganhar uma etapa”, insistiu, sem conseguir controlar as lágrimas, depois de ter somado o quarto triunfo em tiradas da Grande Boucle.
O dinamarquês de 27 anos passou duas semanas no hospital, após sofrer fratura de clavícula e várias costelas, uma contusão pulmonar e um pneumotórax, e esteve em dúvida para a Volta a França até ao último momento.
“Há três meses, nunca pensaria que seria possível [vencer]”, reconheceu, confessando, inclusive, ter ficado surpreendido por ter batido Pogacar ao sprint, algo inédito na rivalidade de ambos.
Vingegaard garantiu nem ter pensado na batalha psicológica que os dois têm travado nos últimos dias, com trocas de declarações mais parecidas com mind games, quando anulou uma diferença de 30 segundos para o camisola amarela no Col de Pertus, a última contagem de montanha da jornada e, depois, derrotou o esloveno ao sprint.
“Nem pensei nisso, só me preocupei em seguir ao meu ritmo, e depois sprintar”, respondeu ao ser questionado sobre se sentia ter vencido a guerrilha mental com o líder da UAE Emirates.
Grande derrotado da jornada, apesar de até ter ampliado a diferença para o segundo classificado, o belga Remco Evenepoel – o líder da Soudal Quick-Step está agora a 01.06 minutos -, Pogacar reconheceu o mérito do homem que o superou nas últimas duas edições do Tour.
“Sentia-me bem no Puy Mary [penúltima contagem de montanha] e decidi atacar lá, mas depois o Jonas entrou muito bem na segunda subida e fomos juntos até ao final. Agora, todos podemos ver que é uma luta justa. Ele está na sua melhor forma, bateu-me muito bem no risco”, elogiou.
Depois de um dia “muito duro” mas bonito, Pogi admitiu ter, provavelmente, despendido muita energia antes do Col de Pertus.
“Jonas esteve melhor nessa subida e esperei por ele, porque sabia que me alcançaria até depois do alto. Tentei recuperar, ganhar os segundos de bonificação e sprintar no final, mas foi um bom dia para ele e para mim também”, analisou, considerando não ter perdido a batalha psicológica entre os dois: “podemos ver que estamos basicamente ao mesmo nível, preciso de manter esta distância que tenho”.
Depois da 11.ª etapa, Pogacar tem 01.14 minutos de vantagem sobre Vingegaard, contudo acredita que só a chegada dos Pirenéus, no fim de semana, irá realmente permitir tirar ilações.
“Estou mais preparado para esse tipo de subidas. Vamos ver como me saio nos Pirenéus, mas penso que temos uma equipa muito forte e podemos estar confiantes”, defendeu.
O mais valioso gregário do duas vezes campeão do Tour (2020 e 2021) tem sido o português João Almeida, que hoje subiu a quinto da geral.
“Foi [uma etapa] bastante difícil, foi um ritmo alto o dia todo. A luta pela fuga foi muito dura. A equipa queria que impuséssemos um ritmo elevado nas subidas mais íngremes e cumprimos o plano. […] Nós queríamos ganhar a etapa e os segundos de bonificação também são importantes. Queríamos amealha-los. A equipa fez um trabalho perfeito, todos estiveram fantásticos. Controlámos a fuga, foi um dia muito bom para nós”, descreveu o ciclista de A-dos-Francos, de 25 anos.
Sexto na meta, a 01.49 minutos de Vingegaard, Almeida admitiu não se ter sentido “fantástico” hoje. “Mas é normal. Não temos de estar ‘super’ todos os dias, mas desde que esteja bem para ajudar os meus companheiros esse é o objetivo”, concluiu.