Teto orçamental foi reduzido este ano a 127,5 milhões de euros e não previa os aumentos de custos em viagens e eletricidade
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A Fórmula 1, um dos desportos mais ricos do mundo, prevê sérias dificuldades face ao aumento dos custos gerado pela guerra na Ucrânia. As equipas prepararam uma época de 22 ou 23 corridas - ainda não se sabe se haverá algum Grande Prémio a substituir o da Rússia, a 25 de setembro - tendo 127,5 milhões de euros como limite orçamental, menos 4,5 milhões do que no ano passado, dentro de um acordo de redução de custos inédito na disciplina e destinado a garantir tanto a viabilidade futura como um maior equilíbrio entre as equipas.
As limitações impostas às equipas iniciaram-se nos 160 milhões de euros, em 2020, e foram aceleradas devido à pandemia. Não abrangendo os salários dos pilotos, incluem o desenvolvimento dos carros e toda a logística. E logo aqui surge o primeiro problema. Sendo os carros que se vão estrear este domingo totalmente novos, as despesas de desenvolvimento são superiores. Aumentando também os gastos com gasolina, eletricidade e sobretudo viagens - esta época há nove mudanças de continente, contra quatro em 2021! -, não haverá orçamento que resista.
Patrão da Williams aponta a um aumento de 40 a 50% nos custos da logística, Red Bull e McLaren querem uma reunião urgente com a FIA, para rever as tabelas. Mercedes já estava "aflita" antes da guerra.
"Estamos perante um verdadeiro problema, uma inflação extremamente alta. Quando o limite orçamental foi estabelecido estávamos a meio da pandemia, em 2020, e ninguém imaginaria as circunstâncias atuais. A inflação pode atingir valores recorde e já o estamos a sentir nas despesas aéreas", explica Christian Horner, diretor da Red Bull, alertando para o impacto "nos empregos e nos meios de subsistência das pessoas". Dito de outra forma, a Fórmula 1 pode ter de fazer despedimentos para cumprir as regras - e há multas previstas para quem exceder o orçamento.
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Horner alerta a Federação Internacional do Automóvel (FIA), pois "é o regulador que tem de resolver isto" e pede "urgência", enquanto na Williams é Jos Capito a fazer as contas: "A logística vai ter um aumento de custos entre 40 e 50%. Isto tem um grande impacto. Se vamos gastar milhões na logística, teremos de reduzir em outro lado qualquer". O atual patrão da Williams recorda que o "desenvolvimento está definido ao longo do ano", pelo que será difícil combater aumentos "fora do controlo".
Na McLaren, Andreas Seidl pede "bom senso" e revela ao "Motosport" que as equipas têm discutido o aumento dos preços, "juntamente com a FIA, porque cumprir o limite é um desafio de todos". "Com despesas adicionais, estamos abertos a soluções e possíveis ajustes, dentro do razoável", completa.
Na Mercedes, a equipa oito vezes campeã e com maior equipa de trabalho, o aperto financeiro já vem de trás. "Tem sido muito difícil estruturar a companhia para o limite de 127,5 milhões", disse Toto Wolff em fevereiro, na apresentação do novo carro. "Com a inflação, não estamos a reduzir apenas cinco milhões. Estamos numa situação em que não podemos aumentar nos salários, o que é doloroso. E no desenvolvimento é preciso muito cuidado", explicou.
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