"Os jogadores que vieram para o FC Porto precisam de um período de adaptação"
Gonçalo Alves, avançado do FC Porto, é o melhor marcador do campeonato de hóquei em patins, depois de já ter sido o goleador de 2019/20
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Com a saída de Hélder Nunes, o FC Porto teve de se adaptar. Gonçalo Alves assumiu novas tarefas, mantendo o instinto de golo, e é a arma de peso do campeão, que já renovou com ele até 2023.
Com a época suspensa devido ao Covid-19, esta entrevista foi feita à distância, cumprindo todas as normas de segurança. De sua casa, Gonçalo Alves respondeu às questões de O JOGO sobre uma época em que o FC Porto integrou quatro reforços e está a fazer um campeonato irregular. Já o avançado é o mais valioso da equipa.
O que significa para si ser o melhor marcador do campeonato e segundo da Liga Europeia?
- Marcar golos é sempre muito bom e isso só significa que os meus colegas me ajudam, porque eles são parte fundamental para ter a eficácia que tenho tido. E obviamente que tem sido muito bom.
Esta época fez 51 golos. São mais 14 do que nas 26 jornadas de 2018/19, em que terminou como o melhor marcador. Será esta a melhor época da sua carreira?
- Não sei se é a melhor época da minha carreira, porque, se apenas formos falar em golos, ainda falta muito para bater o recorde pessoal. Agora, se falarmos em termos hoquistas e da maneira como me sinto em campo, podemos dizer que estou num dos melhores momentos da minha carreira.
"Perder um jogador como o Hélder [Nunes] é sempre difícil - é como se o Girão saísse do Sporting"
A equipa teve de se adaptar à saída de Hélder Nunes. Foi uma perda difícil?
- É sempre difícil ficar sem um jogador como o Hélder. Qualquer equipa iria sentir a falta dele, não só pela qualidade como jogador, mas também pela qualidade humana. É como se o Girão saísse do Sporting, ou mesmo como se o Barcelona perdesse o Egurrola ou o Panadero - são jogadores de grande nível e qualquer equipa sentiria a falta deles. E o FC Porto não é exceção em relação ao Hélder.
Leva cinco épocas no FC Porto. Como as resumiria e que momentos mais o marcaram?
- Não são muitos os momentos negativos, mas houve um que me marcou, que foi a final da Liga Europeia, no Dragão, com o Barcelona, por perdermos perante os nossos adeptos, por termos reagido a um resultado de 3-0 e num jogo em que o arbitro não nos validou o golo do empate para 3-3. Custou muito perder nesse dia. Os mais positivos são os campeonatos conquistados e as pessoas, porque o hóquei, mais ano menos ano, acaba e vamos conseguir levar amizades e recordações de grandes momentos.
Com 19 jornadas disputadas, o FC Porto vem mostrando inconstância. Como a explica?
- Este ano temos sido bastante irregulares, porque tanto conseguimos grandes resultados como depois perdemos pontos, o que, num campeonato como este, não pode acontecer, porque está muito equilibrado. Será campeão aquele que perder menos pontos ao longo desta maratona e em jogos com teórico favoritismo. Não há grande explicação. Treinamos, trabalhamos todos os dias para a cada sábado estarmos no nosso melhor nível, agora também temos de perceber que se nós estamos a aumentar o nível, as outras equipas também o fazem e tornam os jogos mais difíceis.
"Temos sido bastante irregulares. (...) Não há grande explicação"
As mudanças na equipa tiveram impacto?
- Claro, porque os jogadores que vieram precisam de um período de adaptação ao nosso campeonato, que nada tem a ver com o espanhol. E as saídas foramde quatro jogadores que tinham papéis importantes dentro da equipa.
O que trouxeram Malián e Tiago Rodrigues à baliza?
- Além da qualidade que têm, são excelentes seres humanos. O Mali trouxe mais experiência a esta equipa pelos anos que passou na Corunha, onde venceu duas Ligas Europeias - e mais títulos -, e pelos anos que tem passado na seleção espanhola, com a qual também já venceu tudo. O Tiago é mais jovem, tem mais irreverência e uma grande margem de progressão.
E Benedetto e Miras?
- Do Carlo, podemos esperar muito nos próximos tempos. Tem muito para evoluir e vai ser bom para nós. O Sergi, apesar da sua situação, tem demonstrado uma capacidade de superação incrível e é uma pessoa extrovertida. Tenho aprendido com eles.
"Estou há poucos dias em casa e já só queria estar a treinar e a jogar"
O campeonato parou com sete jornadas por disputar, numa altura em que a Taça de Portugal vai para os oitavos de final e em que falta jogar a última ronda da fase de grupos da Liga Europeia. Gonçalo Alves e o resto da equipa cumprem em casa um plano de preparação física e o avançado não consegue antever o futuro: "Estou em casa há poucos dias e já só desejava poder estar a treinar e a jogar. Estamos em casa para tentar que o contágio não continue a aumentar, mas as notícias não são famosas e não sabemos como vai ser, se será duas semanas, um mês ou três."