Reinaldo Ventura sobre quarentena em Itália: "Opção necessária e que pecou por tardia"
O hoquista português admitiu que as pessoas estão a seguir à risca as instruções decretadas pelo Governo italiano.
Corpo do artigo
Reinaldo Ventura reforçou este domingo o sossego com que encaram a quarentena obrigatória nacional decretada pelo Governo italiano na segunda-feira, em resposta à pandemia de Covid-19.
"Sei que é uma opção difícil, mas absolutamente necessária e que pecou por tardia. Nas ruas há uma diferença abismal e não se vê quase ninguém. As pessoas perceberam o problema e estão a seguir à risca as instruções, na disposição de resolvermos isto o mais rápido possível", constatou à agência Lusa Reinaldo Ventura.
Após dois anos a jogar com as cores do Viareggio, o avançado gaiense, de 41 anos, viajou cerca de 340 quilómetros para nordeste e assinou pelo Trissino, comuna a rondar os nove mil residentes no Veneto, a terceira região italiana mais afetada pelo novo coronavírus.
"Podemos ir ao supermercado ou à farmácia e mais que isto só com autorização. Temos de usar a cabeça e adotar um sentido cívico muito acima da média, porque não estamos perante uma guerra nem há necessidade de compra desmesurada. Agora só permitem a entrada máxima de 40 pessoas num supermercado, mas nada falta", relatou.
Companheiro de Diogo Neves e treinado por Sérgio Silva, Reinaldo Ventura e a restante estrutura do Trissino estiveram isolados 10 dias até sexta-feira, depois de um jogador ter sido diagnosticado com Covid-19 em 01 de março, juntando-se aos 17.750 casos registados em Itália, novo epicentro da doença detetada na cidade chinesa de Wuhan.
"Apresentou positivo no domingo, tivemos folga na segunda-feira e disseram-nos na terça que não poderíamos treinar mais. Nesse dia, o hospital pediu-nos os dados de quem vivia comigo e aconselhou que verificássemos a temperatura duas vezes por dia, estando atentos aos sintomas. Diariamente foram ligando a perguntar como estávamos", apontou.
O caso estabilizou e as necessidades básicas do internacional luso deixaram de depender das autoridades locais, embora permaneça confinado num apartamento, a fazer "trabalho abdominal e de força" ao lado de esposa e filhos, sob pena de enfrentar multas de 300 euros e processos judiciais.
Reinaldo Ventura tinha desafios agendados à porta fechada, mas tudo mudou desde o final de fevereiro, inaugurando um ciclo que agudizará a "necessidade de uma nova pré-época" para o Trissino, sexto da Liga italiana de hóquei, com 39 pontos.
"Não me parece que isto afete muito a nível psicológico, porque a vontade de voltar é grande. O problema será retomar as condições físicas ideais. Há atletas que continuam a trabalhar, outros nem tanto", concluiu o antigo dianteiro de FC Porto e Óquei de Barcelos.