Fabio Aru é o único vencedor de uma Grande Volta que corre no Algarve e quer terminar com um jejum que já dura desde a etapa conquistada no Tour'2017.
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Fabio Aru (UAE) é o único vencedor de uma Grande Volta a alinhar na Algarvia que hoje parte de Portimão. Em 2015, o seu melhor ano, foi segundo no Giro e venceu a Vuelta, vivendo depois tempos difíceis, aos quais só escapou o Tour de 2017: foi quinto e conquistou uma etapa. Em exclusivo a O JOGO, responde frontalmente às críticas e antevê a corrida portuguesa como uma rampa para a retoma dos sucessos.
Regressa a Portugal três anos depois. O que o fez apostar no Algarve?
- Estou muito contente por correr em Portugal novamente. Nos últimos anos, tenho iniciado a época mais tarde, porém os meus técnicos acharam melhor competir em fevereiro. Depois das duas provas em Maiorca, achamos que a Volta ao Algarve é o local ideal para continuar a ganhar ritmo de corrida. O público português é muito apaixonado, também.
O que seria um bom resultado esta semana?
- Tenho de honrar sempre as corridas em que participo. Seria bom voltar aos triunfos, em Portugal melhor ainda. O foco tem de ser, contudo, receber um bom feedback da preparação que estamos a fazer.
O contrarrelógio de 20,3 km da terceira etapa não lhe facilita a tarefa. Poderá, ainda assim vencer a geral?
- Definitivamente, o "crono" penaliza-me um pouco. Estamos a tentar melhorar esse capítulo com um novo posicionamento na bicicleta. Fiz um dia de pista em Maiorca também...
Em 2016, estreou-se em Portugal depois de vencer a Vuelta e de ser segundo no Giro. Agora está num momento totalmente diferente...
- Não é possível comparar épocas e chego a Portugal com a convicção de que pus atrás das costas um ano difícil de 2018. Quero voltar a dar alegrias ao meus fãs.
"2018 foi um mau ano, não há que o esconder"
Já admitiu que 2018 foi um ano "horrível". O que tem de mudar para voltar aos bons resultados?
- Foi um mau ano, não há que o esconder. Estou tranquilo, penso que evitei alguns erros de 2018 e confio nos profissionais da UAE. Estou pronto para os grandes resultados.
A Volta a Itália é o objetivo do ano?
- O Giro é uma grande prova, na qual me apresento com vontade de me redimir do desempenho desapontante da última temporada [desistiu à 19.ª etapa, quando era 27.º].
No Giro, enfrentará 58,5 km de contrarrelógio individual. Isso não o impede de sonhar com a vitória?
- O percurso tem muito contrarrelógio, é verdade, mas há espaço para os escaladores porque há muita montanha. Além disso, vai obrigar a que a corrida seja mais atacada, para deleite dos fãs.
Sente que tem de provar mais este ano, isto depois de nos últimos três anos só ter três vitórias, nenhuma delas à geral?
- Não preciso de provar nada a mim ou aos outros. Apenas quero retribuir à equipa, aos patrocinadores e aos adeptos que me apoiaram nos momentos mais difíceis.
"TOUR TEM DIMENSÃO PLANETÁRIA"
Fabio Aru, aos 28 anos, estabelece objetivos até finalizar a carreira.
Qual a prova que mais deseja vencer?
- Para um ciclista italiano, o sonho é o Giro, mas reconheço que gosto muito de competir no Tour e este tem uma dimensão planetária.
"Para um ciclista italiano, o sonho é o Giro, mas reconheço que gosto muito de competir no Tour"
Este ano irá ao Giro e à Vuelta, ou o Tour ainda é hipótese?
- A minha concentração está somente apontada à primeira fase da época, que termina com o Giro. Depois, vou reunir-me com a equipa para discutirmos os objetivos seguintes.
Nunca pensou mudar o foco das épocas, como o Nibali, e tentar clássicas como a Lombardia ou as das Ardenas?
- Quero reencontrar o meu ritmo, seja para as gerais seja para as etapas, mas maioritariamente em Grandes Voltas.
"A UAE ESTÁ SEMPRE EM EVOLUÇÃO
O campeão nacional italiano de 2017 está satisfeito com o projeto da UAE Emirates, que em 2018 o levou a sair da Astana. Tem contrato até dezembro de 2020 e a forte raiz transalpina da formação de Médio Oriente facilita-lhe a vida. E não é só o desporto, como Aru confirma, que lhe dá motivação.
Que análise faz ao projeto da UAE Emirates?
- A equipa está em constante crescimento, em permanente evolução. Temos do melhor staff que há no mundo. É um projeto que valoriza o papel do ciclismo na forma de mudar a vida, tornando-a mais saudável. Supera a competição. Isto, claro, sem falar nos grandes corredores que temos. Estou muito feliz por fazer parte disto.
"O Rui é um mito do ciclismo português e há poucos que leiam a corrida como ele"
"RUI COSTA É UM MITO DO CICLISMO, IVO E RUI OLIVEIRA O FUTURO"
Nem foi preciso O JOGO perguntar a Fabio Aru pelos colegas portugueses, Rui Costa, que conhece há dois anos na UAE, e as recentes contratações Ivo e Rui Oliveira. Ele abordou-os por sua iniciativa.
- O Rui é um mito do ciclismo português e há poucos que leiam a corrida como ele. É fortíssimo e é um orgulho tê-lo como companheiro. Os gémeos são o futuro. São jovens, mas já demonstraram talento para ajudar a equipa. Quando puderem capitanear, vão conseguir resultados individuais.