ENTREVISTA, PARTE I - Selecionador de futsal não estranha que as casas de apostas possam dar favoritismo na defesa do título europeu. No entanto, avisa que as conquistas trazidas de trás "não valem de nada"
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Portugal começa na quarta-feira, frente à Sérvia, a defesa do primeiro título que conquistou desde 2018. O Europeu joga-se nos Países Baixos, mas a Seleção Nacional tem, também, o estatuto de campeã mundial.
Apesar de estar no topo da modalidade, Jorge Braz, selecionador, quer ver uma equipa pronta para escalar, de novo, a montanha, até porque, alerta, os demais tubarões olham "de forma diferente" para os lusos. No lote de candidatos há a ter em conta nomes tradicionais como Espanha, Rússia, Cazaquistão e Itália, bem como Azerbaijão e Geórgia, que contam com vários brasileiros naturalizados. Nada que belisque a confiança do transmontano, que, se fosse de apostar, assegura que arriscaria "claramente" em novo triunfo português.
O que é que disse quando reencontrou os campeões da Europa e do mundo?
-Que já terminou. Não estamos no topo da montanha e vamos ter que subir tudo outra vez. Os títulos significam muito nas nossas carreiras, mas agora não vale de nada, até porque os outros olham para nós de forma diferente. Quando queremos mais, temos que começar praticamente no mesmo patamar das outras vezes.
Disse, quando divulgou a convocatória, que tinha sido uma escolha difícil, mas manteve quase o grupo todo que foi campeão mundial. Era mais seguro não mexer muito?
-Nem é por aí. Tem a ver com o momento e neste momento achámos que estas seriam as opções mais indicadas para o que aí vem. Mas, repito, como referi na altura, há quatro ou cinco jogadores que, se estivessem cá, as garantias eram exatamente iguais.
Disse que as outras seleções olham para Portugal de forma diferente. Vão estar mais desconfiadas?
-Estarão, acima de tudo, muito motivadas para nos defrontar e vencer. Basta ver o que aconteceu nestes jogos particulares com Espanha. Aquilo parecia a final do Mundial para eles, o que é normal. Temos que fazer o nosso trabalho.
Se lhe apresentar as cotações de uma qualquer uma casa de apostas, se calhar Portugal é o mais bem colocado para ganhar o Europeu...
-Eu aposto também, claramente. Agora, sei que há outros que também apostam na equipa deles. A Rússia, a Espanha e há surpresas que poderão surgir. A Itália a relançar-se..., mas acredito muito na minha equipa. Porém, temos que fazer o nosso trabalho, sermos altamente competentes porque este Europeu vai ser muito, muito difícil.
Por falar em candidatos: Rússia, Espanha, Itália, Cazaquistão... é uma concorrência feroz?
-Sim e não só. A Sérvia, a Geórgia e o Azerbaijão com muitos brasileiros, já para não olhar para outros que não acredito que consigam ganhar, mas sabemos bem o que foi jogar com a Finlândia na qualificação. Não tenho dúvidas que, para chegarmos lá, teremos que ser bastante competentes.
Mencionou a Geórgia. O jogador naturalizado, essencialmente o brasileiro, é algo que já se vê há vários anos, mas esta Geórgia parece que formou uma seleção do nada. Qual é a sua opinião?
-Olho para os meus, honestamente. Se me identifico? Não. Aqui seguimos um caminho diferente, representar a Seleção Nacional é muito mais do que jogar. Mas, há regras, uns cumprem, outros não cumprem. Todavia, tenho tanto com que me preocupar, os outros que se organizem como entenderem.
"Cardinal? Vi-o completamente destroçado"
Cardinal era uma das novidades na convocatória de Jorge Braz, mas uma "lombalgia incapacitante" fez o pivô falhar a terceira fase final consecutiva da carreira, devido a lesão. "Estava destroçado, completamente. Fez um esforço brutal para estar aqui, já tinha perdido dois momentos importantes do futsal português e desejo que recupere fisicamente e mentalmente", comentou Jorge Braz. Portugal ia a jogo com dois pivôs e ficou só com Zicky. "Não é por termos menos uma solução que vai alterar o nosso plano", atirou.