João Sousa em entrevista: "A celebração foi feita a comer frango e arroz no carro"
João Sousa celebrou o quarto título do ATP Tour, num regresso da Índia feito a correr, comendo frango e arroz na viatura oficial.
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Acabado de chegar a Barcelona, ontem ao início da tarde, João Sousa cumpriu com o prometido e atendeu o nosso jornal na ressaca do torneio mais exigente, física e mentalmente, dos quatro do ATP Tour que já conquistou.
Que disse ao Frederico Marques, que se começou a rir, quando festejava logo após a vitória?
-Assim de repente... Já sei. Disse-lhe: "O avião já se foi!".
O prolongar da final atrasou um regresso relâmpago?
-Fomos diretamente do court para o hotel e depois para o aeroporto de Mumbai, tendo feito uma viagem de quase três horas num carro da frota do torneio, por não termos apanhado o voo direto Pune-Doha.
Nem deu para festejar?
-Fizemo-lo a comer frango e arroz no carro. Isto na Índia, cuja boa comida é famosa. Foi um jantar festivo numa viatura.
O que passou pela cabeça após a conquista do último ponto?
-Nem sei explicar bem. Acho que foi um alívio enorme ao cabo de um encontro muito exigente. Só depois é que acende aquele flash do título. Fisicamente já estava muito desgastado e, quando vi a bola a ir para fora, senti a descompressão e uma alegria muito grande dentro de mim.
Esperava chegar tão longe, quando há dois meses e meio estava a jogar finais Challenger?
-Sinceramente, não! Vim para este torneio com ambição, como vou para todos, sabia que o meu nível de ténis estava a aumentar e perto do nível que queria; estando próximos do nível que gostamos, obviamente que teria chances de fazer um grande torneio. Não comecei bem, tive alguma sorte na primeira ronda contra um jogador local, não joguei bem, mas a partir desse encontro ganhei confiança e comecei a jogar cada vez melhor, sentindo-me todos os dias ainda melhor.
Salvar três match points na meia-final elevou a confiança ao topo?
-Realmente deu-me uma confiança incrível para encarar a final.
Foi a mais longa das 11 finais ATP Tour disputadas e uma média de quase duas horas e meia por encontro, em cinco rondas...
-É um dado curioso. Não fazia ideia. Foi um encontro muito exigente a nível físico, mas sabia que estava bem nesse aspeto. Há um par de meses, durante a curta pré-temporada, já me senti a trabalhar muito bem, sentia-me forte fisicamente. Onde sentia que precisava de melhorar era essencialmente na questão da confiança e na intensidade de jogo.
Pode dizer-se que, finalmente, as peças estão bem encaixadas?
-Quando a confiança vem ao de cima e o físico está bem, as coisas passam de imediato a correr mentalmente muito bem. Não acontece por acaso. É fruto de muito trabalho e muita dedicação para me continuar a apresentar nas melhores condições, como aconteceu nesta aventura na Índia.