João Ferreira inicia esta terça-feira o Rally Raid Portugal, tendo um Toyota de fábrica e grandes ambições. Antes de partir, falou em exclusivo a O JOGO.
Corpo do artigo
João Ferreira tem 26 anos e fechou a época passada com três títulos (Taça do Mundo e Taça da Europa de Bajas e campeão nacional de todo-o-terreno), para entrar neste ano com um oitavo lugar no Rali Dakar e mudar depois do Mini para a Toyota. Será com uma Hilux da Toyota Gazoo Racing South Africa que começará hoje a discutir o Rally Raid Portugal, que há um ano apenas perdeu para Nasser Al-Attiyah, campeão mundial.
Já está adaptado à Toyota Hilux? Quais as maiores diferenças para o Mini?
-A adaptação tem sido boa. Confesso que ainda não estou a 100%, como gostaria, mas é para isso que temos mais corridas até ao final do ano e alguns dias de testes, para chegarmos ao Dakar na melhor forma possível. As diferenças para o Mini começam logo pela motorização. A Toyota tem motor a gasolina, enquanto o nosso Mini usava o tradicional diesel - no nosso caso o 100% renovável Repsol -, portanto logo aí há formas de conduzir diferentes. A Toyota tem um amortecedor por roda, enquanto o Mini tinha dois, o que também gera diferenças e muda a filosofia de condução. São carros bastante diferentes e sabia que precisava de um período de adaptação, não esperava que fosse tão grande. Mas estou contente com a evolução feita com a Toyota Gazoo Racing South Africa e a SVR.
Está mais preparado para tentar vencer o Rally Raid Portugal?
-A concorrência vai estar ao mais alto nível. Temos uma prova muito competitiva e no ano passado conseguimos um bom segundo lugar à geral, portanto o objetivo é claro: lutar pela vitória. Sabemos que não será fácil, mas as corridas são assim. Vamos dar o nosso melhor e continuar a evoluir com o carro. A corrida anterior, em Reguengos, foi um excelente treino. Partimos com a motivação em alta.
Ainda ambiciona um lugar no top 5 do atual Mundial?
-Adoraria lutar não só por um top 5, mas pelo pela vitória no Campeonato do Mundo. Este ano, na prova de Abu Dhabi, que corria bem, tivemos problemas mecânicos que nos fizeram perder muitas posições e na África do Sul acabámos por nem terminar. Fomos forçados a desistir ao segundo dia. Estes resultados dificultam as contas na luta pelo top 5, mas o mais importante nesta fase é fazer quilómetros em competição, para chegarmos ao Dakar da melhor forma possível.
Agora tem carro para lutar pelo triunfo no Dakar?
-Durante o ano temos muitas corridas e lutamos pela vitória em todos os campeonatos, seja o de Portugal, o da Europa ou o Campeonato Mundo. Mas o objetivo é sempre preparar o Dakar. Ou seja, todo o trabalho serve para chegarmos ao Dakar na melhor forma possível e tentarmos lutar pela vitória. Sabemos que isso só um piloto consegue e o Dakar é muito imprevisível, não dá para apontar a resultados muito específicos. Mas será com esse objetivo que vamos encarar o Dakar 2026.
Tem alguma meta de carreira?
-O meu objetivo de carreira é, sem dúvida, vencer o Dakar. É esse o objetivo de todos os pilotos de todo-o-terreno, é para isso que trabalhamos o ano todo. Mas tenho ainda o novo e desafiante Campeonato do Mundo de Rally Raid nos objetivos.
Como se explica ter Portugal tantos e bons pilotos no todo-o-terreno?
-É verdade, temos muito e bons pilotos e continuamos a ter dos melhores campeonatos nacionais de todo-o-terreno do mundo. Ao nosso nível talvez esteja apenas o da África do Sul. Em Portugal temos boas organizações e boas pistas.