"Eulálio é uma joia de moço e tem todas as qualidades para o pelotão internacional"
Joaquim Andrade não poupa elogios ao jovem líder da Volta a Portugal, mas não o dá como favorito
Corpo do artigo
Afonso Eulálio cumpriu na segunda-feira o dia de descanso em Termas de Longroiva, a 25 km do Penedono, onde esta terça-feira arranca a segunda metade da Volta a Portugal. A ABTF Betão-Feirense tem o jovem de 22 anos vestido de amarelo, mas com três adversários a menos de um minuto e um deles, Colin Stussi, capaz de o destronar no contrarrelógio final, em Viseu, se a diferença se mantiver nos 16 segundos.
Joaquim Andrade, diretor desportivo do jovem da Figueira da Foz, lembra que não será fácil o jovem conquistar a Volta - “O Stussi é o grande candidato”, sublinha -, mas está deliciado com o seu desempenho, garantindo que “tem todas as qualidades para o pelotão internacional”. “A equipa abre-lhe as portas se esse convite surgir, e é normal que aconteça depois desta Volta. Na época passada já fui contactado e sei que há equipas atentas”, refere, achando “importante o nosso ciclismo afirmar-se de novo como um patamar na formação de jovens”.
Afonso Eulálio tem 22 anos e tanta qualidade que a ABTF Betão-Feirense já foi sondada por equipas estrangeiras. Mas vencer a Volta ainda é meta distante, pois o figueirense terá de ganhar tempo a Stussi.
O técnico descobriu Eulálio no BTT do S. João de Ver: “Logo na primeira corrida em que o vi percebi que estava ali um corredor diferente; no ano seguinte estava na estrada, connosco”. “É um trepador puro, aquele corredor que se destaca quanto mais longa é a montanha. É um excelente profissional, rigoroso e objetivo, mas também um rapaz humilde e respeitador, atento ao que lhe dizem. Sintetizando, uma joia de moço”, completa.
Este ano, antes de liderar a Volta, fora quinto nas Astúrias e segundo em Torres Vedras, “mas já no passado tinha mostrado a sua qualidade”. “Logo na estreia internacional, no Circuito de Getxo, em 2020, foi espetacular. No ano passado foi quinto em Vilafranca Ordizia, logo atrás do Juan Ayuso. Mas o que o marcou foi estar na Seleção Nacional. Ajudou o Morgado, foi sétimo na Corrida da Paz e percebeu o que podia fazer”, completou.
"Talvez precise de dois minutos"
“Para defender a amarela no contrarrelógio final, o Afonso terá de ganhar bastante tempo ao Stussi. Não sei quanto, pois ele nunca fez um ‘crono’ a disputar a geral, mas talvez uns dois minutos”, calcula Joaquim Andrade, que conta ainda com António Carvalho, sexto da geral, a 1m07s do suíço.
“Ele é equilibrado ou até melhor que o Stussi no ‘crono’, mas tem de recuperar algum desse tempo, que é demasiado”, diz, lembrando que “para já serve de pouco fazer contas”. “Há muita gente forte, alguns a dois ou três minutos que vão tentar recuperar, e não será fácil para a nossa equipa controlar”, conclui.