"Documento da DGS revela um elevado grau do desconhecimento da realidade desportiva"
Presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, disse à Rádio Observador que o documento da Direção-Geral de Saúde tem várias lacunas que precisam de ser resolvidas com urgência
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O presidente do Comité Olímpico de Portugal defendeu esta terça-feira ter algumas dúvidas quanto ao documento da Direção-Geral de Saúde que regula o regresso da atividade desportiva em Portugal, considerando que o mesmo "revela um elevado grau do desconhecimento da realidade desportiva nacional".
"Se por um lado é positivo que o documento tenha sido produzido e seja do conhecimento público e de algum modo possa estabelecer um conjunto de regras para que a atividade desportiva se faça em segurança no que concerne aos escalões seniores e no que concerne a algumas modalidades que até à presente data tinham a sua atividade suspensa, nomeadamente as modalidades de pavilhão; por outro lado, há um conjunto de disposições que estão contidas neste documento que não respondem às exigências da situação, desde logo a circunstância de não abranger os escalões de formação", começou por dizer José Manuel Constantino em declarações à Rádio Observador.
"Mas o documento, relativamente a outras matérias, revela desconhecimento da realidade. De que vale falar de departamentos médicos do clube quando a maioria dos clubes não tem departamentos médicos? Nem há médicos com especialidade de medicina desportiva. Isso pode ser garantido por algumas federações e alguns clubes, mas a generalidade não comporta uma exigência desta natureza", lembrou o dirigente.
Constantino criticou ainda a forma como algumas modalidades foram tipificadas (baixo risco, médio risco e alto risco), dando o exemplo do karaté, considerado com o grau mais elevado, mas tendo "os katas são realizados individualmente sem oposição". "Depois fazem-se exigências do ponto de vista do treino para que os atletas salvaguardem uma distância mínima de três metros. Como é que isto é possível? Como é possível treinar a nível de algumas modalidades com esta distância, isso não é possível", acrescentou ainda.
O líder do COP mostrou-se ainda preocupado com o facto de o documento não contemplar os escalões de formação, aque são "os geradores de receita nalgumas modalidades". "Nos escalões de formação eu não vejo no documento escapatória para a situação, mas posso estar a ver mal e isso tem custos muito significativos relativamente ao tecido associativo", comentou, pedindo ainda um "um grande esforço para encontrar soluções realizáveis de modo a verificarmos se é ou não possível recuperar alguma atividade desportiva".