"Diogo Costa e Carolina João têm grandes hipóteses de sucesso em Paris'2024"
Olímpico José Costa acredita que vela portuguesa vai trazer diploma em Paris'2024
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José Costa acredita que os velejadores Diogo Costa e Carolina João, em 470 mistos, podem conquistar um diploma para Portugal nos Jogos Olímpicos Paris'2024, elogiando também os estreantes Eduardo Marques e Mafalda Pires de Lima.
“Podes dividir a equipa portuguesa - que são quatro - em dois: um campo dos que vão participar pela primeira vez, que é o Eduardo e a Mafalda, e depois tens o campo dos experientes que, embora não juntos naquela classe, já têm experiência olímpica, como a Carolina e o Diogo”, começou por distinguir o algarvio, olímpico por Portugal em 49er no Rio'2016 e em Tóquio'2020.
A velejadora de 27 anos representou Portugal em Tóquio'2020 em laser radial (foi 34.ª), enquanto o portuense, da mesma idade, foi 15.º em 470 masculinos, ao lado do irmão Pedro Costa, na capital japonesa.
Para o atual treinador da equipa olímpica espanhola de 49er FX (femininos), Carolina João e Diogo Costa “estão num bom nível, estão em crescendo”, após terem “desenvolvido um trabalho excecional com o treinador e com o sparring”, ou seja, com os companheiros de treino Beatriz Gago e Rodolfo Pires.
“Têm feito um trabalho excecional, para mim o melhor trabalho que se pode fazer, que é duas equipas a trabalhar, sem picardias e sem assuntos, sem mau ambiente, mas a trabalhar para um futuro. […] Acho que eles têm grandes hipóteses, ou francas hipóteses de ter sucesso. O que é que eu digo sucesso? Para mim, eu acho que os oito primeiros, ser diploma, é um sucesso. Para a realidade que o nosso país tem, sem dúvida nenhuma”, defendeu.
José Costa vai mesmo mais longe: “Podem lutar por medalhas? Podem. Têm essa possibilidade? Têm essa potencialidade, mas eu acho que, até para eles, encarar os Jogos Olímpicos a desfrutar, mas de uma maneira séria, oito primeiros é ótimo”.
Já Eduardo Marques, em ILCA 7, e Mafalda Pires de Lima, em kite feminino, são “estreantes de maneiras diferentes”.
“A Mafalda é muito nova, numa modalidade que começou agora, apurou à última da hora, no último lugar possível. Eu acho que ela vai lá desfrutar, tem o mérito de ter trabalhado muito para conseguir o apuramento. Vai lá desfrutar e, depois, seja o que a cabeça e o corpo dela mandarem para o futuro”, disse, em entrevista à agência Lusa.
Na última regata de qualificação para os Jogos Olímpicos, na Semana Olímpica de Hyères, em França, Mafalda Pires de Lima, de 26 anos, conseguiu para Portugal a última das cinco vagas que estavam em discussão.
“O Eduardo leva muitos anos a competir, eu já fui o treinador dele, inclusive. Ele começou nos lasers pela minha mão, conheço-o bem. É um miúdo também muito focado, muito concentrado. Acho que tem pecado ao longo dos anos por uma falta de apoio do ponto de vista técnico ao lado dele, que o permitisse evoluir, mas é de louvar que, mesmo assim, muitas vezes sozinho, ele tem conseguido levar os resultados da embarcação, do laser e dele, muito, muito, muito longe”, destacou.
O olímpico português considera que Marques, de 30 anos, é “alguém com muito potencial”, revelado desde “pequenino”.
“Ele, do ponto de vista das suas potencialidades, é incrível e eu acho que, numa semana boa, se não houver perturbações...As coisas podem-lhe correr realmente de feição e pode ambicionar estar lá para lutar por um diploma. Se as coisas correrem menos bem, ele também nunca se perde muito, vai estar sempre nos lugares primeiros, eu diria que no top 15”, perspetivou, ressalvando que em ILCA 7, a classe que tem “a frota mais numerosa” e é das “mais competitivas”, é preciso “ter muita calma”, até porque são “os mais ínfimos” detalhes a fazer a diferença.
Sobre a escolha de Marselha para acolher as regatas, a quase 800 quilómetros do epicentro dos Jogos, em Paris, Costa, em jeito de brincadeira, disse parecer-lhe “mais indicada do que o Taiti para o surf”.
“A costa oeste, a costa norte, Normandia, é demasiado fria, é demasiado tempestuosa, aquilo seria um massacre. Acho que lá em baixo, no Mediterrâneo, as condições são melhores. […] O campo de regatas em si, parece-me, é difícil, é complexo, mas com um bocadinho de estudo, um bocadinho de prática, vai-se lá. O único senão é a cidade, não é? Toda a gente sabe que a cidade é perigosíssima, roubos, assaltos, bairros, 30 por uma linha, portanto todos um bocadinho apreensivos com isso. Mas, depois do Rio de Janeiro, Marselha é um aperitivo”, lembrou.