COP reenvia propostas aos partidos após seis anos sem "alterações significativas"

José Manuel Constantino, presidente do COP
Comité Olímpico de Portugal
Organismo notou que financiamento público ao Desporto, no âmbito das políticas públicas desportivas de génese governamental, é risível".
O Comité Olímpico de Portugal (COP) voltou a apresentar aos partidos propostas para a futura governação do país no âmbito do desporto, após seis anos sem "alterações significativas", e defendeu o aumento do peso do setor na agenda política.
De acordo com o documento a que a Lusa teve hoje acesso, o organismo olímpico entende como "fundamental concretizar um quadro de ação vocacionado para a divulgação dos valores como estratégia para um maior envolvimento e identidade social com o desporto, reforço da cultura desportiva e mobilização cívica para esta área".
"Em 2015, o COP apresentou aos partidos políticos candidatos às eleições para a Assembleia da República o seu contributo para uma melhor governação do desporto em Portugal. Seis anos depois, a situação desportiva nacional não sofreu alterações significativas no plano da sua governação e as políticas públicas são, no essencial, as mesmas", vincou o COP, recordando que "o sistema desportivo nacional teve de enfrentar a crise pandémica".
Considerando que "o financiamento público ao desporto no âmbito das políticas públicas desportivas de génese governamental é risível", o COP advertiu que "alguns êxitos significativos", como os ocorridos nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, correm o risco de "resultarem de contextos particulares e irrepetíveis".
"Qualquer estudo comparado com o que se passa na generalidade dos países da União Europeia (UE) coloca-nos em situação profundamente desfavorável. Não é possível com níveis de financiamento público tão exíguos obter ganhos de competitividade externa", vincou.
Além de reiterar a proposta para uma redistribuição dos dividendos dos Jogos Sociais e das apostas desportivas, o COP defende a proteção dos clubes de base local e regional, uma melhor articulação entre a Educação Física e o desporto na escola, tendo em vista o fomento da atividade física, mas também o aproveitamento económico do setor.
"Fomentar a relação do desporto com os segmentos económicos, com vantagem comparativa na afirmação do potencial externo do país e internacionalização da economia do desporto, em particular o turismo e as tecnologias associadas ao desporto" e "concertar uma estratégia de organização de eventos desportivos internacionais", são algumas das propostas.
Apontando alguns dados recolhidos, o COP calculou em centena e meia o número de países que procuraram Portugal para estágios desportivos, num total de 200 mil dormidas, em 2019, enaltecendo o retorno calculado em modalidades como o golfe (1,9 mil milhões de euros em 2018) e o surf ("um impacto semelhante em termos de procura das nossas praias").
O COP preconizou ainda a contribuição das grandes empresas no financiamento do setor, no âmbito do mecenato, assim como a criação de incentivos à atividade física, a criação de um fundo de pensões, de um regime fiscal específico para os agentes desportivos e de bolsas de formação e o reforço do regime jurídico do dirigente desportivo.
"É indispensável tornar percetível aos cidadãos que o apoio ao desporto não é um custo, mas um investimento que, além do valor que gera, se constitui como um retorno importante junto da comunidade", rematou o COP, tendo como objetivo "consolidar e ampliar o peso da agenda política do desporto em articulação com outras políticas conexas nos planos da economia, fiscalidade, formação profissional, educação, turismo, ambiente".
O COP enviou este documento aos partidos políticos candidatos às eleições legislativas, marcadas para 30 de janeiro de 2022.
