Grande Prémio Douro Internacional parte hoje de Resende e acaba segunda-feira em Lamego, sendo ameaçado por uma meteorologia inédita. “É das corridas mais duras da época, mas das que merecem mais carinho do pelotão, pelas paisagens espetaculares”, diz Luís Mendonça, último vencedor e preocupado com o “clima extremo”.
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A nuvem de poeira vinda do Norte de África, conjugada com trovoadas e aguaceiros fortes, representa uma previsão de “chuva de lama” para as duas primeiras etapas do 4.º Grande Prémio Douro Internacional, uma ameaça inesperada para os 109 corredores que hoje vão partir de Caldas de Aregos, em Resende, para ao longo de quatro dias cumprirem 588,7 quilómetros até Lamego, endurecidos à partida por oito contagens de montanha e um total de 211 quilómetros a subir.
Tratando-se de uma das mais belas corridas do mundo, a meteorologia adversa poderá afetar mais do que a sua espetacularidade. “Estão previstas condições climatéricas extremas, com alguns aguaceiros muito fortes, e se isso acontecer tornará as descidas perigosas. Será preciso arriscar um pouco para vencer. As descidas com chuva assustam-me, mas sei tomar riscos calculados”, diz Luís Mendonça, vencedor do ano passado e declarado candidato a novo êxito.
A Sabgal-Anicolor, que vem de êxitos no GP das Beiras e no Abimota, ambos com o russo Artem Nych, tem mais homens para apostar - “O Artem ou o nosso Mathias são outros planos”, admite Mendonça, referindo-se ainda ao dinamarquês Bregnhoj -, mas precisa de contar com Tiago Antunes e Joaquim Silva (Efapel), António Carvalho e Afonso Eulálio (ABTF-Feirense), Francisco Penuela e Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista) ou Bruno Silva (Tavfer-Ovos Matinados) numa quarta edição mais dura do que as anteriores e a jogar-se em dois planos: as chegadas a Carrazeda de Ansiães e a Armamar serão em subidas de primeira categoria, favorecendo os trepadores, mas além das quatro metas finais, bonificadas em 10, 6 e 4 segundos para os três primeiros, haverá outras 12 (metas volantes, autarquias e sprints especiais) a atribuir 3, 2 e 1 segundos. São bónus suficientes para lançar mais gente na discussão, caso as subidas não resolvam a corrida.
“Paisagens que impressionam”
Consciente da importância da corrida, o Turismo do Porto e Norte tem sido um dos seus principais patrocinadores e o seu presidente, Luís Pedro Martins, lembra que o ciclismo “enche o território de alegria e colorido” e promove “paisagens que não cessam de impressionar”. Para o corredor Luís Mendonça, “é das corridas mais duras, mas das que merecem mais carinho do pelotão”.
“Muito respeito pelo final em Armamar”
Luís Mendonça tem 38 anos, soma 17 triunfos como profissional, mas os últimos foram precisamente há um ano, no GP Douro Internacional. “Comecei a época adoentado, mas no Abimota já me senti fisicamente bem. A vitória por vezes depende de um detalhe. Nesta corrida, e se não conseguir lutar pela geral, vencer uma etapa já me deixará feliz”, diz a O JOGO o homem rápido da Sabgal-Anicolor, que hoje alinha com a ambição maior: “Sinto-me bem e confiante, quero tentar vencer de novo no Douro, mas vou com muito respeito pela chegada a Armamar”. O paredense refere-se ao final da terceira etapa, em montanha de primeira categoria, com 6,76 km inclinados a uma média de 6,9% e tendo um máximo de 14,3%, demasiado para as suas características. “Terei de estar bem e defender-me, para depois usar as minhas armas”, diz, referindo-se à existência de “muitos pontos com bonificações”.