Choque de labaredas a valer história: FC Porto joga acesso às "meias" da FIBA Europe Cup
FC Porto joga esta quarta-feira na Turquia o acesso às meias-finais da FIBA Europe Cup, etapa que nenhuma equipa portuguesa atingiu. Azuis e brancos dispõem de uma vantagem de dez sobre os “dragões vermelhos”, assim é conhecida a equipa do Bahcesehir, que tem fator-casa a seu lado.
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Pela terceira vez na presente temporada, o FC Porto está na Turquia, agora na parte europeia de Istambul, onde hoje (16h00) joga o acesso às meias-finais da FIBA Europe Cup, na segunda mão dos “quartos” contra o Bahcesehir.
Na bagagem, os azuis e brancos levaram uma vantagem de dez pontos, depois de, no Dragão, travarem o ímpeto dos turcos (80-90), que iam em 11 triunfos europeus consecutivos. A oportunidade de passar às “semis”, algo que nenhuma equipa portuguesa atingiu em nove edições, é de ouro e a própria página da prova constata que há um “conto de fadas” em andamento, lembrando que os portistas começaram por ser repescados na qualificação na condição de “lucky-losers”... Do outro lado, estão os “dragões vermelhos”, vencedores da competição em 2022 e com a chance de serem os primeiros de sempre a erguer o troféu pela segunda vez.
Um dos heróis do triunfo histórico de há uma semana, com 16 pontos, Cat Barber só pretende repetir a receita em casa do adversário. “Temos de jogar da mesma forma. Vai ser duro, eles têm a vantagem de jogar em casa. Temos de estar atentos aos pormenores e jogar com a diferença que conquistámos”, disse aos meios do clube. A Ulker Sports Arena de Istambul, onde o FC Porto ontem treinou e é a casa que Bahcesehir divide com Fenerbahce, tem capacidade para 13 mil espectadores, levando o norte-americano, melhor marcador da equipa na Europa (médias de 18,1 pontos), a contar com “uma grande atmosfera no pavilhão”.
O ambiente fervoroso turco já não é uma novidade, pois os comandados de Fernando Sá jogaram duas vezes esta época na parte asiática, mais concretamente em Manisa, uma no apuramento e outra na fase regular. Os dragões sofreram duas derrotas (80-70 e 75-66), mas a história favorece-os agora: nas sete épocas das nove que tiveram eliminatórias a duas mãos, quem venceu a primeira por dez ou mais pontos seguiu em frente na esmagadora maioria das vezes. Houve 21 equipas a passar depois de obter essa vantagem de dois dígitos e apenas quatro deram a volta, tentando hoje o FC Porto que o Bahcesehir não seja a quinta.
No meio de uma roda viva
Com 38 jogos oficiais já realizados esta temporada, o FC Porto tem tido meses de roda viva e março não vai ser exceção, com sete jogos já agendados mas que podem subir a nove, caso os dragões se apurem para a final da Taça de Portugal, em Viana de Castelo, marcada para domingo, e passem às meias-finais da FIBA Europe Cup, cuja primeira mão está marcada para dia 27. Cat Barber, que participou em 34 das 38 partidas, reconhece o desgaste, mas não esmorece. “Podemos descansar depois”, responde.
Duas campanhas para recordar
No final do século passado, FC Porto fez dois top-8, num dos casos com ajuda de um “eletricista”.
Caso o FC Porto se apure, hoje, para as meias-finais, esta participação na FIBA Europe Cup pode juntar-se às duas mais bem sucedidas da história dos azuis e brancos, em 1996/97 para a FIBA EuroCup e em 1999/00 para a Taça Saporta, quando atingiram os quartos de final.
Extintas, ambas as competições foram as segundas mais importantes a nível continental, a corresponder à atual EuroCup, tratando-se, por isso, de campanhas ainda mais impressionantes da parte dos portistas. Em 1996/97, com Jorge Araújo ao leme e Fernando Sá jogador, os dragões caíram à mercê dos italianos do Verona (168-138 no conjunto das duas mãos), mas tinham feito uma fase regular imaculada e afastado antes o MZT Skopje, da Macedónia, e o Nobiles Wloclawek, da Polónia (hoje Anwil Wloclawek).
Três anos volvidos, o timoneiro era Alberto Babo e Sá já tinha saído para o Vasco da Gama, mas o adjunto Raul Santos constava no plantel. A passagem às “meias” ficou a dez pontos de distância (170-160 no agregado com o Lietuvos Rytas, da Lituânia). Desses anos recordam-se as estratégias mais inusitadas para ganhar pontos aos opositores. “Fizemos grandes exibições a nível da Europa, a jogar no Rosa Mota. O FC Porto tinha um ‘eletricista’, que dava as dicas aos jogadores como haviam de jogar contra as equipas estrangeiras. Sabe quem era o eletricista? Era o Alberto Babo. Combinado com o funcionário, ia lá para cima para a cúpula ver o treino escondido”, contou o antigo técnico, em 2018, no programa “Universo Porto” do Porto Canal. Em 2000/01, Babo liderou mais uma caminhada positiva, esta finda nos oitavos de final da Taça Saporta, frente aos franceses do Élan Chalon (141-120).
Benfica dos anos 90 prevalece
A participação portuguesa nas competições europeias tornou-se mais assídua nos anos 90, prevalecendo até hoje as exibições do Benfica na Taça dos Clubes Campeões Europeus como as melhores de sempre. Essa competição era a mais importante do Velho Continente, como é a Euroliga hoje, e os encarnados às ordens de Mário Palma competiram na fase de grupos em três temporadas (1993/94, 1994/95 e 1995/96), ombreando com gigantes como Real Madrid, Panathinaikos, Barcelona, Maccabi Tel Aviv ou Partizan de Belgrado. Nos anos mais recentes também têm pertencido às águias os resultados mais importantes, com dois anos consecutivos de passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões da FIBA (2022/23 e 2023/24), a prova mais importante do organismo internacional.