PERFIL - Notícias colocam-no como o favorito a render Vettel da Ferrari
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Facto: se não tivesse um pai chamado Carlos Sainz, com dinheiro e prestígio no mundo automóvel, dificilmente Carlos Sainz Jr, um madrileno de 25 anos, teria chegado à Fórmula 1. Segundo facto: ele merece!
Caso se confirmem as notícias que o dão como favorito ao lugar de Sebastian Vettel na Ferrari, o jovem Carlos Sainz, que mercê dos seus desempenhos já prescindiu do "Júnior" que lhe completava o nome, também provará ter herdado a sorte do pai, que há uma semana foi eleito melhor piloto da história do Mundial de ralis, em detrimento de um Sebastien Loeb que pelo palmarés será o mais titulado piloto da história do automobilismo. Mas será uma injustiça considerar que a estrela que tem protegido a família madrilena - ou a força do mercado automóvel espanhol - explica duas carreiras feitas a pulso.Tal como o pai, que fez duas
épocas no Mundial da ralis com um Ford Sierra Cosworth pago por dinheiros espanhóis até conseguir o contrato com a Toyota que o levou a dois títulos mundiais, também o piloto de Fórmula 1 está longe de ser um menino mimado. A força da família permitiu-lhe entrar há dez anos no programa da Red Bull Junior Team, uma via privilegiada para atingir a Fórmula 1, e nessas escolas conseguiu dois títulos de Fórmula Renault antes de dar o salto definitivo, para a Toro Rosso, em 2015. O nome ainda terá ajudado, mas a partir daí o filho de peixe teve de nadar sozinho.
Sainz pontuou nas suas duas primeiras corridas de Fórmula 1 (nono e oitavo) e só ao oitavo Grande Prémio do ano de estreia foi superado pelo colega, o já então temido Max Verstappen. E fechou 2015 como 15.º do Mundial, à frente do seu ídolo, Fernando Alonso. No ano seguinte pontuaria em 10 corridas, com três sextos lugares, para em 2017 ficar pela primeira vez perto do pódio e mudar a meio da época para a Renault. Esta viria a dispensá-lo no ano passado, para dar lugar à estrela Daniel Ricciardo, e o espanhol surpreendeu: indo parar à McLaren, subiu ao pódio no Brasil (curiosamente sozinho, pois beneficiou da desclassificação posterior de Lewis Hamilton), foi sexto no Mundial, colocou a equipa britânica à frente da francesa - que vendia motores à McLaren! - e foi bem superior ao australiano. Como se explica? Pelo trabalho.
Tanto a série de F1 da Netflix, à qual os pilotos abrem as portas, como as redes sociais da McLaren têm dado a conhecer um Sainz que foi viver sozinho para Inglaterra para se sentir piloto profissional, que faz um treino físico intenso para se sentir bem no carro, que estuda pistas em detalhe e convive com os engenheiros e que é metódico mesmo nestes dias de pandemia. O possível futuro piloto da Ferrari manteve todos os seus horários mesmo estando em casa, só toma café até às 14h00 para não perder o sono, vê pouca televisão e faz testes de sangue diários para poder gerir o treino físico e aquilo que come. É assim que se chega à Ferrari!