Brilha no Sporting e conta: "Eu jogava futebol, mas tinha dois pés esquerdos"
João Fernandes analisa temporada invicta do Sporting, que já ergueu a Taça de Portugal 2019/20 e leva 10 triunfos na Liga Placard.
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Chegado a Alvalade há duas épocas, o luso-angolano revisitou os primórdios da carreira começada no outro lado da Segunda Circular e comentou atual momento do Sporting.
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Como é que o basquetebol entrou na sua vida?
-Através do desporto escolar. Um professor disse-me: "És alto para caraças, porque não tentas basquetebol ou voleibol?". Eu jogava futebol, mas tinha dois pés esquerdos. Esse professor falou com o Fred Umbelina, treinador da formação do Benfica, e comecei lá.
Passou pelos três grandes, bem como pela Ovarense. Onde sentiu mais dificuldades?
-Em todas as épocas há altos e baixos. Quando mudas de equipa, começas sempre por baixo: tens a sensação de voltar de ter a conquistar o teu espaço. No entanto, quando me senti pior - que não contava - foi quando saí do Dragon Force.
Como é que o Sporting lidou com o fim precoce da última época, estando tão perto de ser campeão?
-Custou-nos muito. A partir daí, o nosso discurso mudou: "Não fomos campeões, não fomos à Champions; vamos ter de reagir, se não vamos entrar numa espiral negativa."
É ancorada nessa "dor" que se explica a invencibilidade da equipa?
-Temos uma filosofia de competir por tudo. Chego à quadra e o treinador quer competir por uma tablete de chocolate e uma coca-cola. Há treinos em que saímos chateados uns com os outros por coisas insignificantes, como faltas não assinaladas. Esta competitividade, que o treinador transmite, transportamo-la para o jogo instintivamente.
Qual é o ponto forte do Sporting esta temporada?
-A defesa, principalmente. Se os adversários tiverem uma média de 70 pontos marcados, o nosso objetivo é que eles acabem o jogo com 50. O treinador chega ao balneário e diz-nos: "Esta equipa só pode marcar "X" pontos no primeiro período"; se marcarem mais, põe-nos a fazer flexões.
João Fernandes é o único em Portugal que já representou os três grandes: fez formação no Benfica, passou pelo projeto Dragon Force do FC Porto e, agora, vai na segunda temporada em Alvalade
Como se sentem antes do clássico frente ao FC Porto?
-Estamos ansiosos. Já o estávamos antes de ser adiado.
O FC Porto está menos forte após a lesão grave do Max Landis?
-O FC Porto tem muitos jogadores de qualidade. Podem não ter um jogador que marque tantos pontos, mas têm outros que ganham mais ressaltos defensivos ou mais roubos de bola. Nem sempre o ataque é que ganha os jogos.
O grande amargo de boca desta época foi ter falhado o acesso à Champions?
-Sim. Queríamos jogar contra equipas a que não estamos habituados. No jogo que perdemos, sentimos a diferença dos jogadores estrangeiros para os que defrontamos em Portugal: eram maiores do que nós, lançavam e driblavam com o mesmo sucesso. Isso mexeu muito connosco.
O que acha do novo formato da FIBA Europa Cup, que começa já em janeiro?
-É mais complicado: ganhas ou vais embora. Por outro lado, a nossa equipa precisa muito de ter objetivos para estar motivada.