Mundiais de atletismo: festejo de Pichardo pode ter sido exagerado sem magoar Dallavalle
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Pedro Pablo Pichardo festejou efusivamente a conquista do título mundial do triplo salto em Tóquio'2025, admitiu este sábado o atleta português, sem, no entanto, magoar o italiano Andrea Dallavalle.
"Não tenho qualquer problema com o Andrea [Dallavalle], eu agora moro em Itália e eu vi esses comentários nas redes sociais, mas sempre falei com ele, até durante a prova. Depois perguntou-me se me ia retirar ou não, mas é meramente competição, ambos queremos ganhar e o gesto de emoção no festejo é uma reação de cada um. É um rapaz cinco estrelas, que mereceu a medalha de prata, porque eu queria ganhar", explicou Pichardo, em declarações à agência Lusa.
O português, de 32 anos, respondeu com um salto a 17,91 metros, na sexta e última tentativa da final dos Mundiais ao recorde pessoal do italiano, a 17,64, que o deixou na liderança do concurso, compreendendo a reação de Pichardo.
"O festejo foi efusivo, talvez até em demasia, mas quando se faz uma marca destas na final de uns Mundiais sentimos uma enorme adrenalina. É normal que aconteçam coisas destas coisas, que não são, de todo, um problema", confirmou o vice-campeão do mundo, após secundar Pichardo, na entrega das medalhas, nas imediações do Estádio Nacional do Japão.
O italiano, vice-campeão europeu em Munique'2022, aproveitou a ocasião para, publicamente, felicitar Pichardo: "Foi emocionante, porque o Pedro [Pichardo] não esperava que eu fizesse 17,64, mas esteve pronto a replicar e tenho de reconhecer o seu mérito e qualidade".
Pichardo, após se tornar o primeiro luso a receber com duas medalhas de ouro em Mundiais, assumiu o orgulho: "É muito bom [estar no topo do pódio], mostrar o nosso hino e o nosso país a todo o mundo, é uma grande honra para mim".
"A sensação de estar no pódio é sempre diferente, em cada ocasião, porque cada medalha tem um sabor distinto. Mas, esta, vou levá-la para a vida, pelas coisas que aconteceram esta época e pela forma como foi conquistada. Acho que foi uma das minhas melhores competições. Mesmo sem ter sido a melhor marca, foi uma das minhas melhores competições", reconheceu, após um ano em que rescindiu unilateralmente com o Benfica e abdicou da pista curta para se concentrar na temporada de verão.
O resultado foi a conquista do segundo título mundial, sem contar com o espanhol Jordan Díaz, que o bateu em 2024 nos Europeus e nos Jogos Olímpicos, reforçando o estatuto que ainda não considera consensual de ser um dos melhores atletas nacionais.
"Se me perguntas a mim, vou dizer que sim, mas essa opinião depende do povo e das instituições competentes. Acho que [muitas pessoas] ainda não acham, se calhar tem a ver com a modalidade que faço, porque muitos ainda não me veem como 100% português ou sequer que sou português", lamentou.
Aos 32 anos, Pichardo recuperou o título que conquistou em Oregon'2022 e não defendeu em Budapeste'2023, graças à sua sexta tentativa, a 17,91 metros, depois de ter iniciado a final, disputada no mesmo sítio onde se sagrou campeão olímpico, em 2021.
Pichardo arrebatou a medalha de ouro, com o "voo" a 17,91 metros, mais 27 centímetros do que Dallavalle, que lhe tinha roubado a liderança no último salto, enquanto cubano Lázaro Martínez foi despromovido da prata de Budapeste'2023 para o bronze, com 17,49.