Com os "patrocinadores a fugir", como diz o vice-presidente Carlos Matos a O JOGO, o ABC vai investir em força na prospeção de novos apoios, consciente das limitações dos anos mais próximos
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Terceiro clube mais ganhador do andebol português, a apenas seis troféus de FC Porto e Sporting, o ABC é um histórico da modalidade. Além de clube de grande tradição, é uma verdadeira escola de andebol. Nas últimas épocas as dificuldades têm sido grandes e, na passada, os academistas ficaram mesmo fora do Grupo A, aquele em que se luta pela conquista do título. Esta temporada, em que a prova foi interrompida, os homens de Jorge Rito tinham-se apurado mesmo na última jornada.
"O que temos feito nos últimos dois meses é dotar o clube de capacidades financeiras para que possa assegurar a sobrevivência. É preciso um fundo de maneio que nos permita terminar a época. Tivemos de negociar com todos os funcionários do ABC e, devo dizer, todos tiveram uma atitude exemplar. Mas isto não pode ser analisado individualmente, esta é uma situação global, a ser gerida por todos os organismos, se calhar até pela EHF (Federação Europeia de Andebol), e esperamos que a federação tome medidas que ajudem os clubes a sobreviver", diz Carlos Matos, antigo central dos minhotos e do FC Porto, agora vice-presidente para a área desportiva.
A pandemia gerou um problema acrescido e inesperado. "Os patrocinadores do ABC e de todos os clubes estão a fugir, teremos de fazer um trabalho de prospeção mais intenso, para na próxima época tentar assegurar o mesmo nível de apoio ou até mais", continua o antigo internacional.
Lembrando que "nos últimos 30 anos o ABC conquistou 40% dos troféus", Carlos Matos reconhece que "o plantel terá de ser formado por jovens" e que "tentará lutar pelos lugares cimeiros", mas sem ambições desmedidas: "Neste momento parece impossível lutar com FC Porto, Benfica e Sporting, mas, a estes meses de distância, e sem saber que modelo competitivo teremos, sabemos que o ABC tentará ficar o mais perto possível dos três primeiros lugares".
Lutar pelo título a médio prazo"
Seis vezes campeão pelo ABC - mais três pelo FC Porto - Carlos Matos sabe bem como eram os minhotos, que foram campeões pela última vez, pela mão de Carlos Resende, em 2015/16, na altura quebrando nove anos de jejum. "Acredito que o ABC vai voltar a ser campeão, mas demorará o seu tempo. Porém, recordando os últimos três títulos, em 2005/06, 2006/07 e 2015/16, o ABC não tinha dos maiores orçamentos e foi campeão", recorda Matos, concluindo: "Se calhar, nos próximos dois a três anos, poderá ser muito difícil, mas o ABC lutará pelo título a médio prazo".