A propósito do jogo de quinta-feira contra os Estados Unidos, os jornais germânicos criticam o pacto de não-agressão entre Alemanha e Áustria em 1982, "um capítulo sombrio" da história
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Os jornais alemães estão nesta terça-feira a dar grande destaque ao famoso pacto de não-agressão entre Alemanha e Áustria que, no Mundial de 1982, permitiu o apuramento das duas seleções para a segunda fase da prova.
O episódio está a ser relembrado a propósito do Alemanha - Estados Unidos que na próxima quinta-feira se joga no Recife: um empate apura diretamente as duas equipas (afastando Portugal e Gana), enquanto a derrota de uma delas pode afastá-la dos oitavos de final.
"Um dos capítulos mais sombrios da história do futebol alemão", escreve o T-Online, num tom crítico que, na generalidade, é comum a todos os jornais. O T-Online lembra também uma frase dita a propósito desse jogo por Willy Schulz, antigo internacional alemão: "Foi um acordo silencioso por parte de 22 bandidos." Citada no título do periódico foi também uma antiga frase do De Telegraaf, este um jornal holandês: "Um sujo pedaço de porno-futebol."
Em 1982, a Alemanha tinha perdido com a Argélia na primeira jornada e só a sua vitória por 1-0 na última ronda permitiria o apuramento de germânicos e austríacos. Hrubesch fez o 1-0 aos 16' e, depois disso, as duas equipas quase não remataram, trocando a bola no seu próprio meio-campo durante largos períodos de tempo, sem que os adversários parecessem interessados em "estorvar".
"A vergonha de Gijón", escreveu o Stern em título, para aludir a um encontro alegadamente combinado, como mais tarde deixou entender o austríaco Walter Schachner, que participou na festa. Uma partida que traria consequências para o futebol moderno, uma vez que foi depois disso (desde 1984) que as últimas jornadas da fase de grupos das grandes provas internacionais começaram a disputar-se no mesmo dia e à mesma hora.
Desta vez, o selecionador norte-americano Jurgen Klinsmann já prometeu não combinar nada com Joachim Low, seu antigo adjunto na seleção alemã. "Não haverá nenhum telefonema para o Joachim", garantiu. O atual adjunto de Low, Hans-Dieter Flick também prometeu o mesmo: "Queremos ganhar o jogo e seguir em frente como vencedores do grupo."
Já o defesa alemão Mats Hummels também parece convicto, mas ressalva que a certa altura do jogo as duas equipas poderão retrair-se naturalmente. "Vamos jogar para ganhar. Qualquer outra coisa seria grosseiramente anti-desportiva. Mas se estiver 1-1 aos 90 minutos, logicamente que não me vou pôr a fintar quatro adversários."