Todos os suspeitos ficaram sujeitos a termo de identidade e residência; advogado de "Aranha" anuncia que vai recorrer, declarando que não entende a medida de coação
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Detidos no sábado, no âmbito da operação "Jogo Duplo", Diego Tavares (central do Oriental), Gustavo Oliveira (empresário) e Carlos Silva, elemento da claque portista SuperDragões conhecido por Aranha, vão ficar em prisão preventiva. Depois de serem presentes no Tribunal de Instrução Criminal, em Lisboa, a juíza Cláudia Pina entendeu haver motivos para aplicar a medida de coação mais grave a estes três arguidos, que por estratégia dos seus advogados remeteram-se ao silêncio no tribunal.
Também envolvido no processo que investiga crimes de corrupção passiva e ativa no desporto e alegada manipulação de resultados, o presidente do Leixões, Carlos Oliveira, foi o único que prestou declarações à juíza e ficou proibido de exercer funções de dirigente, à semelhança do diretor-desportivo do emblema de Matosinhos, Nuno Silva. Todos os arguidos ficaram sujeitos a termo de identidade e residência (TIR), sendo que Rui Dolores, Carlos Silva e Gustavo Oliveira não podem contactar com outros suspeitos identificados nos autos.
Quanto aos jogadores Rafael Veloso, João Pedro e André Almeida (Oriental), Hélder Godinho, Luís Martins, Ansumané e Pedro Oliveira (Oliveirense) e João Carela e Moedas (Estarreja) não viram ser-lhes imputadas medidas de coação mais gravosas além do TIR e proibição de contactos entre si. No final de uma longa maratona, que começou às 9h00 com a consulta dos documentos da prova por parte dos advogados, seguida da audiência, Nélson Sousa, representante de "Aranha", mostrou-se desagradado com a prisão preventiva - que pode evoluir para prisão domiciliária - aplicada ao seu cliente e deixou bem claro que vai recorrer. "Não há base que sustente esta medida, mas tenho que ler o despacho e vou recorrer como é óbvio. A prisão preventiva tem uma ordem para averiguar se há condições para aplicar vigilância eletrónica, mas não quer dizer que isso seja automático", referiu o advogado de "Aranha".
Esteves Dias, que defende João Pedro, ficou satisfeito por considerar que o processo foi reconduzido a uma "dimensão mais natural". "É um processo pouco estruturado e pouco fundamentado. No caso do meu constituinte, é uma situação que não tem nada que ver com isto e há coisas perfeitamente aberrantes, supostos factos contraditórios entre si e ainda hoje não consigo perceber que esteja envolvido", afirmou. O processo segue agora os seus trâmites legais.