O Tondela passou 24 jornadas do ano de estreia na I Liga abaixo da linha de água, quase sempre em último. Petit resgatou-o para a permanência, impossível quase até ao fim. Quase
Corpo do artigo
Depois de 24 jornadas e meia na zona de descida, o Tondela saltou para o 15.º lugar com uma vitória sobre a Académica e desaires alheios. Petit voltou ao banco para ver de perto o 4x4x2 que vencera em Paços de Ferreira e encostou a Académica à área de Trigueira, defendida de qualquer maneira. Em meia hora foram dez faltas; foi o que tinha de ser para mostrar que, embora perdido o campeonato, a Briosa mantém a essência. Essa atitude, porém, teve custos. De livre, Wagner abriu caminho ao 1-0, amortecido por Luís Alberto e assinado pelo central Pica, num cabeceamento direto à baliza e à esperança, ao cabo de apenas 12 minutos de pressão pelos flancos, com o meio-campo bem coberto por Luís Alberto e Bruno Monteiro. Só perto do final da primeira parte a Académica conseguiria reagir e ameaçar, num remate rasteiro de Marinho que coincidiu com o golo do União da Madeira ao Rio Ave, que deitava tudo a perder. A mensagem, contudo, não passou para o relvado e o intervalo chegou com a marca do domínio caseiro, que rapidamente seria acentuado, numa jogada que encontrou Hélder Tavares na direita, de onde cruzou para o remate forte de Luís Alberto (53"). O terceiro momento de festa na bancada surgiu cinco minutos depois e chegou nos ecos da Ribeira Brava, onde começava a reviravolta do Rio Ave, necessária para dar sentido àquela alegria que pela primeira vez encheu os 3500 lugares disponíveis do João Cardoso - e na qual se inclui a da Académica, que os adeptos não abandonaram na descida. De olhos no relvado, ouvido colado à rádio e coração aos saltos, o jogo fez-se desse ensurdecedor prenúncio de festa, com invasão de campo logo que Rui Costa apitou para o final e nova explosão quando acabou o campeonato de todos os aflitos, com o Tondela a salvo, naquela fé cega que era só deles - e era real, pois o fogo de artifício estava a postos.