Francisco Barão treinou o lateral no Sporting e refere que o papel crucial na equipa este ano fez apagar os maus momentos de 2022/23
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Ricardo Esgaio viveu um final de ano difícil em 2022, sendo contestado por erros claros de abordagem, que propiciaram golos aos adversários.
Resguardar o jogador na época passada foi boa estratégia, defende o ex-atleta leonino que acredita até que a boa relação de Esgaio com Amorim faz com que o camisola 47 não pense sair de Alvalade.
Foi assim no empate com o Braga a abrir o campeonato, seguiu-se a derrocada dupla com o Marselha, onde teve culpas diretas em lances de golo em França e acabou expulso depois na jornada em Portugal. Teve de ser gerido por Amorim, passou um período sem ser convocado para recuperar a confiança e também afastar a crítica que vinha da bancada. Logo depois da saída de Porro, em janeiro, viu-se a reconciliação com Alvalade e em 2023/24, partindo como titular na direita, tem vindo a colecionar aplausos e está em bom momento. Chega amanhã, em Portimão, aos 150 encontros pelo Sporting e quem o conhece bem lembra os momentos difíceis.
“Os lances menos bons do Esgaio foram momentos cruciais. Esses erros deram golo aos adversários, tiveram impacto no resultado. Qualquer jogador cometendo esses erros ficaria intranquilo. Sentiu-se insatisfeito. Houve muita contestação. Foi massacrado o ano passado”, declara Francisco Barão, ex-jogador do Sporting e treinador nos leões, tanto na equipa B como na formação, que conheceu Esgaio imediatamente antes de este dar o salto para a equipa A:
“Há dez anos, tinha ele 19/20 anos, via-se um grande caráter. Tinha as ideias muito definidas e sabia que o trabalho sério poderia levá-lo a outros patamares e a lutar pela titularidade. Via-se no Ricardo muita atenção a todas as correções. É um trabalhador nato e sinto que, às vezes, até sai prejudicado por colocar a equipa à frente dele mesmo”, conta Barão, vincando a ligação forte que tem com o lateral, que tem o mesmo nome do filho, treinador do Olivais e Moscavide, derrotado este ano na Taça de Portugal pelo Sporting. “Até por isso muitas vezes chamava ao Esgaio de filho. Temos uma amizade grande. O ano passado, nesses maus momentos, enviei-lhe algumas mensagens a dizer que ‘o caminho se faz a olhar para a frente’ e que a trabalhar como ele o faz as coisas só podiam melhorar.”
Esgaio celebra no sábado, em Portimão, o jogo 150 pela equipa principal do Sporting. Tem sido aplaudido em Alvalade este ano.
Barão, agora na ADCEO, clube lisboeta do bairro da Encarnação, sabe comandar balneários e elogia Rúben Amorim. “Um jogador, mesmo com 30 anos, quando falha sente o erro. Ele é humano. O Amorim foi inteligente, protegeu-o um pouco. Quem joga no Sporting tem de estar habituado à exigência e lutar sempre para ganhar porque o êxito é fundamental. A cobrança existe, mas o público apoiou o Ricardo e já acabou a época passada bem melhor”, comenta, expressando a O JOGO que o camisola 47 sabe do seu papel: “Mesmo quando estava a central e se notava algum constrangimento com a posição, o Ricardo mostrou que é polivalente. Joga a ala em linha de cinco, a central na linha de três defesas e pode ser lateral numa linha de quatro. O que mais lhe agrada é ser titular. Tem a entrega constante para isso. Sente que é um homem de confiança do treinador. É um menino feliz, porque sabe o contributo que dá, e sente-se mais importante agora.”
Por isso mesmo, o ex-treinador de Esgaio nos bês descarta eventual saída do lateral que tem contrato até 2026: “Só pensaria nisso para jogar mais. Neste momento, sente-se muito bem a jogar pelo seu clube de coração e tem-se visto”.
Remate demasiado em jeito e pouco risco na hora de driblar
No sábado, curiosamente, Esgaio iguala Francisco Barão, com 150 jogos pelo Sporting, mas o primeiro tem apenas um golo. O antigo defesa marcou dois. “A adaptação fez-me lembrar a minha. Também era extremo, mas acabei a lateral. Não éramos tão habilidosos como outros e depois acaba-se por baixar no campo. Tem-se as capacidades ofensivas e depois aprende-se a ter os comportamentos defensivos. Quero é que ele me ultrapasse e por muito [risos]. Tem possibilidade de marcar mais golos e uma tendência atacante”, diz, aconselhando o ex-pupilo: “Vejo-o na televisão e às vezes penso que podia arriscar mais no drible, como fazia antes, em que assistia mais. E precisa de melhorar o remate, tenta sempre muito mais em jeito em vez de usar a força.”