Pinto da Costa celebra esta quinta-feira o aniversário, numa fase em que enfrenta vários reptos. Alguns lançados pelo próprio, entre desporto, finanças e infraestruturas
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Pinto da Costa celebra esta quinta-feira 86 anos, dia dos Santos Inocentes, como o presidente do FC Porto tanto gosta de sublinhar ao seu jeito irónico. O dirigente leva 41 anos na presidência de um clube que revolucionou e enfrenta atualmente um quadro desafiante. O próprio dirá que é apenas mais um entre tantos outros que enfrentou na mais longa presidência de um clube de futebol no mundo, mas o ponto de situação torna-se inevitável no dia de hoje.
Em novembro, Pinto da Costa lançou três desafios a curto-médio prazo. Qualificação para os “oitavos” da Champions já foi alcançada e o próximo tira-teimas prende-se com o resultado financeiro a 31 de dezembro
Podemos começar pelas três metas que Pinto da Costa traçou há pouco tempo, mas há outros desafios, alguns obrigatórios em cada época ou ciclo para os dragões. Na entrevista que concedeu à SIC em novembro, o presidente disse estar apenas preocupado com três objetivos: a qualificação para os oitavos de final da Champions; terminar 2023 com os capitais próprios da SAD positivos ou perto disso; e colocar as máquinas no terreno para a construção da academia. “Se apresentar a recandidatura, não o farei antes dos três pressupostos que citei”, vincara Pinto da Costa na mesma entrevista. Ora a primeira meta já tem um “visto” à frente, porque o FC Porto acabaria por bater o Shakhtar Donetsk por 5-3, a 13 de dezembro, carimbando uma vaga na fase a eliminar da Champions, onde vai defrontar o Arsenal. No entanto, daqui projeta-se já outro objetivo importante para 2024. Se conquistar o título nacional faz sempre parte das obrigações dos azuis e brancos, desta vez terá ainda mais importância porque será o único lugar a garantir entrada direta na Liga dos Campeões - o segundo terá de ultrapassar a fase de qualificação. Além disso, 2024/25 traz um novo formato da competição e promete prémios de participação e desempenho mais robustos, apesar de ainda não terem sido revelados. Nunca se escondeu a importância da Champions para o equilíbrio financeiro da SAD, porém o acesso será mais estreito a partir da próxima época.
Pinto da Costa nasceu em Cedofeita, no dia dos Santos Inocentes, como tanto gosta de vincar em tom irónico. Foi eleito em 1982
Pinto da Costa foi eleito presidente do FC Porto, pela primeira vez, em 1982. Quase metade da vida foi passada nessas funções
Ainda dentro da pasta da economia, os capitais próprios são negativos em 175,9 milhões de euros e a SAD informou a CMVM, a 4 de dezembro, que “prevê obter resultados francamente positivos” no fim deste mês, “não podendo, no entanto, assegurar que os capitais serão já positivos a essa data”. Para esta antevisão contribuiu, em parte, a parceria com a Legends, que adquiriu os direitos de exploração comercial do Estádio do Dragão. Sem novidades de maior, contudo, segue a academia, cuja construção está planificada para o município da Maia e é há muito tempo descrita por Pinto da Costa como a grande meta que lhe falta concretizar à frente do FC Porto. Fernando Gomes, dirigente responsável pelo pelouro financeiro, revelou recentemente em entrevista a O JOGO que a infraestrutura será construída por entidade à qual os dragões pagarão uma verba até que o investimento inicial seja amortizado e o equipamento passe a ser do clube. O projeto, também é público, está nas mãos do arquiteto Manuel Salgado, responsável pelo desenho do estádio e do pavilhão Dragão Arena.
Presidente não pensa em eleições antes de alcançar três metas. Uma já foi atingida, mas o ato eleitoral promete alta adesão. Ser campeão está sempre na lista e tem importância acrescida em 2024.
Por último, mas não menos importante, as eleições de abril. Pinto da Costa ainda não anunciou qualquer decisão, pendentes que ainda estão duas das metas que traçou, mas já sabe que haverá pelo menos dois candidatos: Nuno Lobo, que já concorrera em 2020, e André Villas-Boas, que disse que a apresentação da candidatura é uma “formalidade”. Em todo o caso, a julgar pela enorme adesão dos sócios às últimas assembleias gerais, espera-se que as eleições sejam altamente concorridas. De uma ou outra forma, perspetiva-se mais uma decisão importante para Pinto da Costa: ir a votos para tentar o 16.º mandato ou abrir o caminho a outro presidente.
Missões em 2024
Liga dos Campeões
Selado o apuramento para os “oitavos” da Champions, só o campeão nacional terá entrada direta para a edição de 2024/25, que marca a estreia do novo formato da prova.
Capitais próprios perto do verde
Presidente lançou o desafio de chegar a 31 de dezembro com os capitais próprios “perto do positivo”. SAD projetou à CMVM uma “melhoria substancial”, embora sem poder “assegurar que serão já positivos nessa data”.
Academia: máquinas no terreno
Concluída a maquete, Pinto da Costa quer “pôr as máquinas no terreno” para a construção da academia, na Maia.
Eleições
Recandidatura está pendente do segundo e terceiro objetivos, mas é certo que será um dos atos eleitorais mais concorridos de sempre.