"Eu venci"- um ano após a "crise pessoal" que o afastou do Dragão, Marat Izmailov é estrela no Krasnodar e já sorri. De olho em Portugal, deteta um Benfica mais fraco e ultrapassável na liderança
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Quem o viu e quem o vê: o Marat Izmailov que há pouco mais de um ano cedeu a "problemas pessoais" e se sentiu de alguma forma tentado a abandonar o futebol não é o mesmo que, à hora combinada com O JOGO, se recosta no sofá de um moderno apartamento em Lisboa para encarar uma hora de entrevista exclusiva. "Sinto-me excelente. Nunca tive dúvidas de que voltaria a jogar a um nível alto", atira o médio-ofensivo de 32 anos que, cedido pelo FC Porto, é a grande figura do Krasnodar na liga russa.
Está com bom aspeto. Depois dos problemas pessoais que o afastaram do FC Porto, renasceu no Azerbaijão e na Rússia?
-Eu não estava morto. Nunca estive. Houve apenas um período que não foi nada fácil na minha vida, como pode acontecer a qualquer pessoa. Há momentos de grande felicidade e há outros menos bons, mas é nessas circunstâncias que as pessoas com carácter e vontade conseguem ultrapassar as dificuldades. E eu venci.
Na altura em que seguiu para o Qabala, houve quem dissesse que estava acabado. Sentia-se perdido para o futebol?
-Nunca tive dúvidas de que, mais tarde ou mais cedo, voltaria a jogar a um nível alto. A possibilidade de ingressar no Qabala surgiu porque o treinador da equipa, Yuri Semin, sempre foi um amigo e conhecia-me bem. Trabalhámos juntos muitos anos no Lokomotiv e ganhámos todos os troféus na Rússia. Tendo em conta esse conhecimento, acabei por voar para o Azerbaijão. A profunda confiança que ele tem em mim ajudou-me bastante numa fase crítica. Eu estava parado há bastante tempo, mas ele acreditou em mim, sabia que eu ia recuperar, mas era preciso tempo. O empurrão dele foi vital para que as coisas rapidamente voltassem ao sítio. Na prática, vivi momentos muito bons naquele clube, que, com a minha ajuda e contributo, pela primeira vez na história, ficou em terceiro lugar no campeonato e garantiu o apuramento para a Liga Europa. Por outro lado, também pela primeira vez, jogou a final da Taça. Foi apenas meia época, mas sei que deixei uma imagem interessante no país.
Consegue explicar aos adeptos do FC Porto o que é que se passou para ter desaparecido de cena abruptamente?
-As razões pelas quais tive aquela pausa no futebol guardo-as para mim. Percebo a curiosidade jornalística, mas preservo a minha intimidade. Quem me conhece sabe que sempre fui assim: recuso entrar em pormenores sobre aspetos que têm a ver com a minha vida privada. No entanto, devo realçar que trabalhei sempre de forma correta, honesta e profissional com o FC Porto. E gostaria mais uma vez de salientar que as nossas relações são excelentes, de grande amizade. Sem a ajuda e compreensão dos dirigentes seria impossível hoje estar a jogar a um nível alto.
Após o empréstimo ao Qabala, não fez a pré-época no FC Porto. Porquê?
-Quando estava na fase final da experiência no Azerbaijão surgiram ofertas interessantes para mim e para o FC Porto. A solução Krasnodar era boa para ambas as partes e a proposta de empréstimo apareceu ainda antes do início da pré-época no FC Porto.
Teve alguma conversa com o treinador Julen Lopetegui?
-Não.
Sabe se o treinador do FC Porto está ao corrente do que tem feito na Rússia?
-Não sei. Não tenho conhecimento se tem observado os meus jogos, para ser sincero.
Tem conseguido acompanhar os jogos do FC Porto pela televisão?
-Os do campeonato não, mas vi os da Champions League, do FC Porto e também do Benfica. Estou a par, em linhas gerais, do que se está a passar. O FC Porto continua a ter uma equipa de "top", de grande qualidade, com bom desempenho coletivo e boa capacidade individual. E nota-se que trabalha para ser ainda melhor.
O FC Porto tem argumentos para anular o atraso de seis pontos para o Benfica e ganhar o campeonato?
-Por aquilo que vi, não tenho dúvidas: vai ser campeão. É isso mesmo, estou convencido de que o FC Porto vai estragar o bicampeonato ao Benfica, que me parece estar mais fraco do que na época passada. Fiquei com essa impressão.
E na Champions, qual será o limite para o FC Porto? Nos "oitavos" defronta o Basileia...
-Nesta fase da competição, onde tudo se decide numa eliminatória, já não consigo fazer um prognóstico com tanta firmeza. Lembro-me, por exemplo, da época em que jogámos contra o Málaga. Estávamos profundamente convencidos de que nos íamos qualificar para os quartos de final e não aconteceu. Já o campeonato é outra história: o FC Porto vai ser campeão. Vou estar a torcer por isso e também para que a equipa vá muito longe na Champions.