Com Jonas a bisar e Rui Vitória a poupar, o Benfica capitalizou o nulo do Sporting e deixa dérbi a escaldar
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O Benfica cumpriu a sua obrigação frente a um adversário que tem outras prioridades na Liga e para quem este não era um jogo para muitos floreados. Percebeu-se desde o arranque da partida que este seria, e foi, um jogo de sentido único, na direção da baliza dos madeirenses e só os números finais, enganadores tal o rol de ocasiões de golo criadas, desperdiçadas ou anuladas por Gudiño. No meio de tanto desperdício, voltou a emergir o goleador de serviço, com Jonas a picar o ponto em dose dupla, o mesmo ponto que agora separa águias e leões na classificação, em vésperas de um dérbi que promete ser escaldante, não apenas pelo nulo consentido pelo Sporting em Guimarães, mas pelo reforço motivacional que este encurtar de distâncias pode ser capitalizado pelo emblema encarnado.
E para esse dérbi, Rui Vitória sabe que poderá contar com os três jogadores que estavam à bica antes do início desta jornada. Sem poder poupar Jardel - que fintou o amarelo -, por não ter mais nenhum central disponível, o técnico dos encarnados optou por deixar no banco de suplentes André Almeida, o habitual dono da lateral direita da defesa, e ainda o rotativo e intenso Renato Sanches, que assim têm via aberta para o dérbi, nomeadamente o jovem médio, que tem sido o motor da equipa e, pela demonstração de ontem, não encontra concorrência interna à sua altura.
Cedo começou o Benfica a desenhar uma vitória, cujo esboço apenas passou a definitivo em fase tardia da produção artística, com as responsabilidades a terem de ser atribuídas ao desperdício, mas sobretudo a um guardião, Gudiño, que aos 19 anos, apenas não encontrou antídoto para os tiros de Jonas. O guarda-redes cedido pelo FC Porto tudo tentou para manter os dragões, vencedores na véspera, colados às águias, mas as balas do goleador dos encarnados furaram o colete de proteção do União da Madeira.
Mesmo sem o andamento de Renato Sanches no miolo, e com um Talisca avesso a mudanças de velocidade, o que se viu foi um Benfica a carregar na pólvora, frente a um adversário que procurou tapar os caminhos para a sua baliza, com uma floresta de pernas que foram ajudando a manter o resultado tangencial, apostando num esquema com as linhas de defesa e meio-campo fundidas numa só e deixando Toni Silva à sua sorte no ataque.
O festival de Jonas na distribuição de jogo, a compensar até um Gaitán de regresso após lesão, mas sem passes de mágica - o estreante Grimaldo encarregou-se do flanco -, começou cedo, tal como o duelo entre Mitroglou, sobretudo, e Gudiño, o último resistente de um bloco defensivo que não se desuniu, beneficiando de um carrossel encarnado em velocidade reduzida.
Um ou dois contra-ataques, perigosos, diga-se, da equipa madeirense, foi curto para apoquentar as águias, que jogaram com dez jogadores no meio-campo contrário durante toda a segunda parte, muito tempo nos últimos 20 metros, quase junto à área da formação de Norton de Matos, que foi tentando manter a diferença reduzida, a pensar que um qualquer milagre cairia do céu aos trambolhões. Não caiu, e já com Pizzi a fazer de Renato Sanches, apareceu Jonas a deixar o marcador mais próximo daquilo que se passou em campo, onde o Benfica ficou a dever a si próprio, e aos reflexos de um guardião, nova goleada.