ZOOM - Acordo entre UEFA e ECA deixa nesga para Champions ao fim de semana
Nada mudará até 2021. Mas o ciclo 2021/24 poderá ser cenário de um engrandecimento da Liga dos Campeões. A valorização do produto poderá passar por jogos ao fim de semana. O acordo entre a UEFA e os maiores clubes europeus fecha as portas à Superliga, mas abre uma nesga a calendários diferentes.
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A aceitação das regras e formatos das competições internacionais de clubes (Liga dos Campeões e Liga Europa) já definidas para o ciclo 2018/21 está patente no memorando de entendimento entra a UEFA e a ECA (Associação Europeia de Clubes), hoje tornado público pelo organismo que representa os emblemas de cada país. Porém, um dos pontos desse "memo" deixa em aberto a possibilidade de haver algumas alterações para o ciclo 2021/24, em que já estará em curso a Liga Europa 2.
Nos termos do acordo, assinado no passado dia 6 e com duração até 31 de julho de 2024, as duas partes comprometem-se a "deixar inalteráveis o formato, critérios de acesso, o coeficiente histórico dos clubes e o modelo de redistribuição financeira" das provas nos dois ciclos.
Sobre esse "polvilhar" dos comités da UEFA com representantes dos clubes, o diário espanhol A Marca, no dia 7, dava conta da vertigem pelo engrandecimento da Liga dos Campeões.
Mas, UEFA e ECA, mesmo considerando as alterações aprovadas para o ciclo 2021/24 pelo organismo que tutela o futebol europeu em dezembro, revelam no documento que "outros elementos relevantes, como calendário semanal, sistema de coeficiente de clube, distribuição de receitas, modelo de solidariedade e estratégia de marca da terceira competição" podem "ser acordados no cumprimento das competências e procedimentos relativos ao Comité de Competições de Clubes e ao UEFA Club Competitions SA", este último dedicado à área de negócios do organismo.
O memorando prevê, a propósito, o enquadramento de representantes da ECA nesses comités e noutros gabinetes de decisão da UEFA. Desde logo, a integração de dois elementos no Comité Executivo, conforme já foi anunciado: o italiano Andrea Agnelli, presidente da Juventus e da associação de clubes, e o qatari Nasser Al-Khelaifi, presidente do Paris Saint-Germain.
Sobre esse "polvilhar" dos comités da UEFA com representantes dos clubes, o diário espanhol Marca, no dia 7, dava conta da vertigem pelo engrandecimento da Liga dos Campeões associado ao bloqueio de Aleksander Céferin, presidente da UEFA, às intenções da FIFA em criar uma Superliga Europeia. "Atendendo ao facto de haver um número significativo de clubes de grande dimensão que poderiam estar tentados por essa possibilidade, Céferin está determinado em manter a Liga dos Campeões na linha da frente do universo do futebol, aceitando que para isso tenha que haver alguma evolução", podia ler-se no periódico espanhol.
Tal pode não passar de um rumor, mas a possibilidade em aberto de mexer na calendarização semanal da prova, conforme parece permitir o acordo da UEFA com a ECA, é um argumento forte a favor desses rumores.
"Objetivos: maior harmonização e separação entre competições de clubes e seleções nacionais e a libertação de pressão nos calendários, permitindo períodos adequados de descanso aos jogadores."
Também ao encontro dessa interpretação vai o ponto seis do documento, na parte das obrigações conjuntas, onde se afirma que "as duas partes concordam em trabalhar em conjunto para melhorar o calendário de futebol após 2024, numa perspetiva estratégica e holística, tendo em conta os cenários globais futuros do futebol europeu".
Sublinha, no entanto, que o objetivo desse trabalho se fará "de uma forma que seja benéfica para o desenvolvimento equilibrado do futebol no seu conjunto, entre o mercado doméstico e europeu, e entre competições de clubes e de seleções nacionais".
Rumores à parte, o mesmo memorando aponta para questões importantes e muito faladas nos últimos tempos, nomeadamente em Portugal: "Os principais objetivos desta revisão serão: maior harmonização e separação entre competições de clubes e seleções nacionais e a libertação de pressão nos calendários, permitindo períodos adequados de descanso aos jogadores".