ENTREVISTA, PARTE I - Avançado confessa que foi atropelado pela correria de um mundo novo, garante instinto furioso e munições de sobra para virar a página em França e justificar no campo o investimento de 32 milhões. Sem papas na língua, Vitinha está motivadíssimo e pronto a silenciar quem duvidou. Marselha pode esperar um avançado a derrubar as barreiras, em paz, agora, com a distância para seu bastião de afetos.
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O crescimento é feito de custos e sacrifícios. Vitinha saiu para Marselha com expectativas no píncaros, penou pelo desejado acerto, mas está ansioso por abraçar o Vélodrome com golos.
Que férias são estas quanto à limpeza de astral e visão da nova temporada?
-Estou aqui num espaço mais tranquilo, que ajuda a desligar a cabeça do mundo e a preparar melhor a parte psicológica. Estou pronto para um desafio novo; estes seis meses foram de adaptação. Agora estou adaptado ao clube e à cidade, habituei-me a estar longe da família e dos amigos. É uma época que tem tudo para dar certo, resta-me trabalhar e aproveitar as oportunidades.
Teria sido mais vantajoso terminar a época em Braga e iniciar a aventura marselhesa agora?
-As coisas são como são! A oportunidade surgiu no mercado de inverno. Assim tinha de ser, e foi bom. Se saísse no verão, iria ter também uma fase de adaptação. Assim, posso encarar esta época de forma diferente e melhor, estou mais preparado do que se viajasse neste momento.
Mas, custou muito essa saída repentina?
-Foi difícil, não estava preparado. Pelas conversas com o meu empresário, não era previsível a saída em janeiro; no verão, seria algo certo. Não estava a pensar sair quando saí. Os últimos três dias foram uma correria: lidar com muita coisa, encarar um novo clube e uma nova cidade, procurar a casa. Só ao fim de algum tempo pude pensar apenas em futebol. Não vou dizer que foram preocupações, mas sentia a dor e a tristeza de deixar para trás muita gente que amo. Estive sempre feliz pelo passo que dei, mas não foi fácil estar longe dessas pessoas. Sou muito apegado à família e amigos.
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Além de uma cidade nova, a paixão dos adeptos do Marselha foi sufocante para quem tinha de mostrar serviço?
-Fiquei surpreendido pela beleza e pelas praias, mas a minha surpresa maior foi a forma como os adeptos do Marselha vivem o jogo e como lidam connosco. Nunca vi nada assim, nada parecido em Portugal. É algo muito intenso, nada passa à frente do futebol, eles apoiam sempre.
Marcou dois golos. Traçou um plano para o futuro?
-A única coisa que vai mudar é o descarregar da pressão. Prejudicou-me e roubou-me o rendimento que desejava. Foi tudo repentino; agora já aceito que tem de ser mesmo assim, longe de quem gosto. Vou trabalhar sempre nos meus limites e as oportunidades vão surgir. Não será um novo Vitinha, será um Vitinha com mais rendimento do que nos primeiros seis meses.
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Os 32 milhões pesavam, jornada a jornada?
-Pelo valor da transferência, sei que é preciso rendimento para justificar o investimento. Sempre fiz por estar tranquilo, se pensasse muito em fazer golos, mais pressão teria nos ombros. Os golos que marquei deram, sim, alguma autoestima. Um jogador será sempre criticado se não tem rendimento; se tem, é logo o maior. Sou um jovem ainda a evoluir e a crescer, a preparar-me para todos os desafios.
O animal competitivo de Braga está, agora, pronto a conquistar Marselha?
-Foi o jogador batalhador que não desiste de uma bola que me fez chegar aqui. É esse que vai levar-me a outros patamares. Não tive números, mas sinto que os adeptos gostam de mim. Espero mesmo que gostem! Vou-lhes mostrar que os 32 milhões valeram a pena, vou ter rendimento e ajudar o clube a crescer. Estarei sempre pronto para eles, para um autógrafo e uma fotografia. Essa é a minha forma de ser!
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