"Di Meco? Terei um gosto especial por provar o contrário e calar a boca a essas pessoas"
ENTREVISTA, PARTE II - Ataque de Di Meco serviu para o avançado explicar que se transcende quando lhe ditam impossíveis; Antigo dianteiro do Braga habituou-se a conviver com algum desdém da sua capacidade para triunfar na alta roda e garante que está onde está pelo prazer de jogar, mas também por desarmar certas opiniões.
Corpo do artigo
Prova de estofo e blindagem, Vitinha não se verga a quem o procurou diminuir. Dá-lhe até motivação.
Estava no Europeu de sub-21 quando um antigo internacional francês, que jogou no Marselha, Di Meco, foi muito duro consigo. Teve conhecimento? E como reage à desconfiança de alguns?
-Acabei por ver, embora não procure encontrar essas coisas, e os meus empresários tentem também filtrar essas notícias. Mas nada disso me deita abaixo, apenas me desafia. É um querer extra que ganho para provar a essas pessoas que não acreditam em mim, ou que dizem que não tenho potencial para o Marselha. No final, terei um gosto especial por provar o contrário e calar a boca a essas pessoas. Estou concentrado, acima de tudo, em agradecer ao clube o investimento e mostrar a toda a gente que valeu a pena e que não existem dúvidas sobre a razão dos 32 milhões. Recordo que este tipo de situação já me acontecera em Portugal.
Quer concretizar essa desconfiança referente à afirmação em Portugal?
-Quando cheguei à formação do Braga, toda a gente dizia que tinha chegado tarde, numa idade complicada, que não ia a tempo disto e daquilo, pouco tempo de crescimento. Basicamente, que não ia chegar lá! Só de ouvir esses comentários, fiquei com a energia certa, ajudou-me a querer mais, muito mais. Além de querer jogar o meu jogo e ajudar a equipa, sempre quis mostrar a certas pessoas que estavam enganadas.
Vejo que as críticas são a sua gasolina?
-Nem mais! É a melhor gasolina. Se me dizem "não és capaz" ou "não vais conseguir", que algo é impossível, o que vai acontecer é uma coisa: provar que consigo.
Esta troca de treinador, a saída de Tudor para entrar o espanhol Marcelino, pode ser benéfica?
-Espero que sim, que possa crescer e melhorar. Conheço o trabalho dele e aprecio. Acho que tem tudo para correr bem. Ainda não falamos, será no meu regresso. É um grande treinador, como era o Tudor, que tinha, aliás, uma exigência que nunca vi na vida. Agradeço a forma como lidou comigo. Agora é um novo treinador, um novo desafio, espero estar à altura do que deseja para mim.
"Tão rápido, não acreditava"
Vitinha rebobina a chegada ao topo, após arranque tardio.
Sente estar hoje muito acima das expectativas relativamente ao jovem que chegou a Braga, vindo do Águias de Alvite?
-Sempre trabalhei para estar no meu melhor e crescer o mais rápido possível. Cheguei a Braga com 17 anos, sabia que ia chegar lá, mas não tão cedo. Tinha a certeza de que o meu trabalho diário me deixaria preparado para chegar à primeira equipa do Braga e depois dar o salto. Não achava era que fosse tão rápido, em apenas cinco anos.
De Braga para Marselha, onde reside a perceção do salto qualitativo?
-O Braga é grande, está em crescimento, mas não podemos negar que o Marselha é maior, bastando olhar para a craveira de muitos jogadores. Não se pode ser hipócrita, estes são muito acima da média. Mas a maior diferença encontro na liga francesa, o futebol é muito intenso e físico. Senti bastantes dificuldades. Estava preparado, mas não achei que fosse algo tão generalizado.
Com Payet e Alexis, também deu para deslumbrar?
-Foi o realizar de mais um sonho. Foi um privilégio poder jogar com jogadores de alto nível, de carreiras incríveis. Foram, e são, um exemplo. Foi muito bom sentir esse carinho. Receberam-me muito bem, como todo o grupo. Não me posso queixar a esse nível das dificuldades de adaptação. Fui ajudado por todos.
Algum momento mais inspirador?
-Marcou-me uma conversa no meu primeiro dia, em que treinei à parte. Ao meu lado estava o Bailly. Enquanto corríamos à volta do campo, deu-me muitos conselhos e foi muito importante para mim, relaxou-me. Foi algo incrível.
E com Nuno Tavares e Mbemba?
-Apesar de entender relativamente bem o francês, ter pessoas que falavam português ajudou-me muito. Fizeram-me sentir em casa. Não cheguei a recordar duelos com o Mbemba, mas só posso falar de um jogador excecional.