Uma incógnita em português no Lille, campeão de França: o "patrão" José Fonte
Aos 37 anos, o central português está em fim de contrato com o clube gaulês que lhe proporcionou o primeiro título de campeão nacional numa carreira que só tardiamente despontou.
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Em festa pelo título de campeão francês conquistado no domingo pelo Lille, José Fonte não sabe ainda se vai continuar no plantel dos dogues. O central termina contrato neste defeso (a 30 de junho) e o Lille tem direito de opção por mais uma época mas, para já, e a avaliar pelas palavras do próprio jogador, nada está definido.
"Ficar no Lille? Não sei. Quero simplesmente festejar, estar junto dos adeptos e dos meus companheiros de equipa. É hora de desfrutar e de estar feliz. Não quero pensar na minha situação. Fiz uma boa época e veremos o que se vai passar a esse nível. Eu gosto de estar no Lille. Sinto-me bem aqui, creio que os adeptos acham que fiz um bom trabalho e o presidente também. Estou tranquilo", afirmou o central já depois de garantido o título de campeão, a interromper o domínio do favoritíssimo PSG. O jornal "La Voix du Nord", pelo contrário, acredita no adeus. "Fonte deve deixar o Lille", escreveu esta semana o jornal local.
Mas não são só os adeptos ou o presidente a reconhecerem a qualidade do defesa. O português fez uma época de grande qualidade e constou várias vezes no melhor onze da jornada de várias publicações. Ontem, já após o fim da Ligue 1, integra também o melhor onze da competição para a prestigiada "France Football", assim como para o "CIES-Observatório do futebol". Em relação ao valor de José Fonte não há subjetividade, antes sim, unanimidade.
"France Football" e "CIES-Observatório do Futebol" incluiram no melhor onze da época na Ligue 1 um defesa que teve contributo decisivo para o segundo melhor registo defensivo deste século
Para além disso, os números concretos também falam por si: capitão de equipa, Fonte é o pilar defensivo de um grupo que sofreu apenas 23 golos esta época na liga francesa, naquele que é o segundo melhor registo de um campeão desde a viragem do século. Melhor só os 19 golos sofridos pelo PSG que foi campeão em 2015/16. No total, em 38 jornadas, o Lille não sofreu qualquer golo em 21, mérito que o "patrão" do sector tem que repartir com o resto da equipa, nomeadamente com o outro central habitualmente titular, Sven Botman (holandês formado no Ajax e que é uma das revelações da época), mas também com o guarda-redes Mike Maignan (chamado pela seleção gaulesa ao Europeu) ou com os laterais Çelik (turco) e Reinildo (moçambicano que passou por Benfica e Belenenses, entre outros), sem esquecer Tiago Djaló, chamado a alguns jogos importantes, como o da última jornada.
Mas é Fonte a centrar as atenções por estes dias, até por um trajeto invulgar que começou mais tarde do que aquilo que acontece com a maioria dos jogadores. Aos 26 anos, em 2010, penava nos relvados do terceiro escalão de Inglaterra, mas a sorte sorriu-lhe e conseguiu subir duas vezes seguidas com o Southampton, que lhe proporcionou os primeiros brilharetes na Premier League, já em 2013, com 29 anos. No ano seguinte foi Fernando Santos a dar-lhe a mão na seleção de Portugal, com a qual viveu as maiores alegrias profissionais. Agora, em França, aos 37 anos, venceu o primeiro título nacional num clube. Bem a tempo.