Um grande elogio a Abel Ferreira e o "sofá da sorte" de Marcos: "Agora não quero mudar"
EXCLUSIVO - Campeão do mundo pela seleção brasileira em 2002 e um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, ex-guarda-redes Marcos rejeita favoritismo da equipa na final da Libertadores e, em entrevista a O JOGO, destacou o trabalho do técnico Abel Ferreira: "Grande percentagem da evolução deve-se a ele".
Corpo do artigo
São mais de 500 jogos com a camisola do Palmeiras, único clube que defendeu em 20 anos de carreira. Títulos são muitos. Entre os quais, a última Taça Libertadores conquistada pelo Verdão, em 1999 - além da última taça do Mundo conquistada pela seleção brasileira, em 2002. Marcos, ou São Marcos para os brasileiros, é um adepto fervoroso do clube paulista. Figura bem-humorada, está sempre em destaque nas redes sociais, seja pelas brincadeiras com os rivais, ou pela exaltação à equipa do coração.
13291547
Aos 47 anos, o ex-guarda-redes, um dos maiores da história brasileira, conversou com O JOGO sobre a final da Taça Libertadores, marcada para as 20h00 deste sábado, no Maracanã, no Rio de Janeiro. Como bom ex-jogador, Marcos endereça respeito absoluto ao rival Santos, a quem atribui muitos pontos positivos. Contudo, nenhum elogio é tão forte como aqueles que dirige ao técnico português Abel Ferreira. Para Marcos, o treinador é o principal responsável pelo momento do Palmeiras e pelo regresso à final da principal competição do continente sul-americano após 22 anos.
"Acho que o Abel tem uma grande parcela na forma que o Palmeiras está a jogar e por ter chegado à final. Sabemos que o título vem coroar muito a trajetória dele no Palmeiras. Acredito que a grande percentagem da evolução do Palmeiras em campo deve-se ao trabalho do Abel e o trabalho com a sua equipa técnica", elogiou Marcos.
Aos 42 anos, Abel Ferreira ainda tenta o primeiro título da carreira. Mas tem a segurança de um trabalho que se mostra consolidado no clube brasileiro. Em pouco mais de três meses, levou a equipa às finais da Taça Libertadores e da Taça do Brasil. "Se o Palmeiras chegou a esta final [da Libertadores], o Abel tem a maior percentagem por esse momento", afirmou o ex-jogador.
Sem favoritos
Questionado sobre o favoritismo entre Palmeiras e Santos, Marcos pondera. Apontando para o equilíbrio, afirma que as hipóteses de ambas as equipas são iguais.
"Acho que numa final, pelas comparações das campanhas dos clubes, podemos colocar um ou outro como favorito. Mas eu não acredito em favoritismo neste momento. É um jogo só e nesse jogo único tudo pode acontecer. Aquele que for mais feliz acabará por conquistar a prova. Claro, como palmeirense, pelo coração de adepto, desejo muito que a minha equipa seja campeã. Mas está muito longe de ser favorito. Coloco 50 por cento de hipóteses para cada, porque é um jogo só e o favoritismo não cabe numa partida como essa", avaliou.
De acordo com Marcos, ambas as equipas têm jogadores capazes de decidir o jogo, mesclando nos respetivos grupos jogadores jovens com atletas mais maduros.
"Tanto o Palmeiras como o Santos têm muita qualidade e jovens promessas do futebol. O Santos tem vindo a fazer isso há muitos anos e o Palmeiras começou a fazer há pouco tempo, a colocar mais jogadores da formação para revelá-los. Investiu na sua formação e qualificou os seus atletas para que chegassem ao pantel profissional. As duas equipas, nesta partida, vão usar muitos desses garotos. Talvez tenham pouca experiência, mas em compensação têm muito mais vontade, garra e juventude para um jogo como esse. Então, as duas equipas estão muito iguais nesse aspeto. O Palmeiras tem alguns jogadores mais experientes, mas acreditamos que o Santos também tem jogadores mais rodados, com grande experiência, como o Veríssimo, o Marinho, o Pituca... Até nisso as equipas estão iguais para esta final", analisou.
1354851743385972736
Marcos: "abre-se uma grande possibilidade para a carreira de Weverton"
Titular da seleção brasileira por muitos anos, inclusive no Mundial de 2002, e imortal com a camisola 12 do Palmeiras, Marcos ficou conhecido no Brasil como "santo" pelas defesas "impossíveis" e pelos inúmeros penáltis defendidos - inclusive contra o rival Corinthians, em 1999, nos quartos de final que garantiram o título da Libertadores ao Palmeiras naquele ano, na maior conquista da história do clube.
Atualmente, o guarda-redes do Palmeiras também faz parte da seleção brasileira. Weverton é um dos grandes destaques da equipa. Assim como já fez Abel Ferreira em vários momentos desde a chegada ao Brasil, Marcos depositou muita confiança no guardião.
"O Weverton está a ter a chance de cravar o nome na história do Palmeiras. Já é um campeão olímpico, tem a possibilidade de ser um guarda-redes que vai ganhar um título da Libertadores e isso também abre um leque para a carreira dele e para a seleção brasileira, que tem grandes guarda-redes. Alisson, Weverton... E tem uma Copa do Mundo a chegar, abre-se uma grande possibilidade para que a carreira dele 'descole' ainda mais em termos de seleção brasileira", disse.
Marcos recusou convite para ir ao Maracanã por superstição
A Confederação Brasileira de futebol (CBF) convidou os ex-atletas campeões mundiais para ir ao Maracanã assistir à final da Taça Libertadores. Supersticioso, Marcos recusou o convite para ficar em casa e ver o jogo no mesmo lugar em que viu os jogos anteriores.
"Superstições toda a gente tem nestes momentos. Não me apego muito a isso, mas sempre que estou em casa assisto aos jogos no meu lugar no sofá, com a minha camisola da sorte. Não que isso possa mudar alguma coisa, porque eu acredito que o que vai acontecer no jogo já está escrito. Mas, como chegámos à final dessa forma, na verdade o que eu não quero é mudar agora. Vou fazer as mesmas coisas que fiz nos jogos para que não me culpe depois e que dê certo para que o Palmeiras volte a conquistar a América, que é uma coisa muito importante para o clube", finalizou.